“Procuramos papéis que dobrem de preço”, diz gestor do melhor fundo de ações do ano

O fundo Daycoval Total Long Bias, da Daycoval Asset Management, valorizou 38,97% nos últimos 12 meses

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – O Ibovespa já recuou mais de 15% nos últimos 12 meses e 23% só este ano, mas nem tudo que está na bolsa é ruim. Com um trabalho intensivo de garimpagem de papéis, alguns gestores de fundos de ações conseguiram desempenho muito melhor do que o índice e trouxeram retornos expressivos para os investidores. É o caso do fundo Daycoval Total Long Bias, da Daycoval Asset Management, que nos últimos 12 meses valorizou 38,97% e lidera o ranking InfoMoney de fundos de ações no período.

O fundo não aparece no ranking dos últimos 24 meses, pois seu início foi em 29 de junho de 2012. Desde esta data, o rendimento já atingiu 42,48%.

O gestor do fundo, Emerson Navarini, explica que a estratégia é buscar ações que tenham uma ótima perspectiva no médio e longo prazo. “Se vamos nos expor ao risco da bolsa, buscamos papéis que vão dobrar de preço em alguns anos. Se não encontramos ações com essas características, preferimos esperar. Nosso fundo não está 100% comprado todo o tempo”, afirma.

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Navarini ressalta que dificilmente o fundo adquire papéis que são unanimidade no mercado, ou ações consideradas caras. “Não buscamos aquele tradicional papel com 25% de upside. Neste caso, a gente prefere não colocar no fundo. Tentamos ficar com o máximo de caixa possível esperando alguma ótima oportunidade: alguma empresa com problema operacional, cujo preço caiu muito, por exemplo – desde que achemos que o management vai reverter isso”, diz o gestor.

Luiz Paulo Rodrigues, outro gestor de ações da Daycoval Asset, lembra que a equipe analisa de perto cada ação que vai fazer parte da carteira . “Fazemos as contas no detalhe. Tentamos entender bem a dinâmica da empresa, do setor, analisar como ela pode estar daqui a alguns anos. Olhamos tudo para conseguir os melhores papéis”, diz.

O fundo, classificado na Anbima como “Ações Livre”, tem mandato para investir em qualquer empresa listada na bolsa, sem se preocupar com tamanho ou algum outro filtro. “Não ficamos presos a nenhum ‘nicho’. Não importa o tamanho de empresa, o setor, seu crescimento e se ela paga ou não dividendo. Qualquer companhia com uma mínima liquidez é  candidata a entrar no fundo”, explica Rodrigues.

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Estratégias
Uma das ações que fazem parte do portfólio é da empresa de logística Log-In (LOGN3), que oferece transporte intermodal – caracterizado pela utilização casada de dois ou mais modelo de transporte (marítimo e rodoviário) numa mesma solução logística.

“A Log-in está fazendo uma reestruturação operacional, trocando toda a sua frota de navios que era velha e tinha um alto custo de operação. Até 2015 toda a frota deve ter sido trocada e nas nossas projeções, os resultados da empresa vão crescer muito com isso”, afirma Navarini.

O gestor também lembra que o custo do frete rodoviário aumentou de forma expressiva nos últimos anos no Brasil. Com isso, a diferença de preços entre o transporte rodoviário e marítimo ficou grande. “Por isso achamos que o segundo trimestre vai ser muito forte para a Log-in”, afirma o gestor. Na opinião da asset, a empresa deve ter um crescimento importante, mesmo que a economia não cresça tanto. “Se a produção industrial começar a crescer e vier forte, vai ser ainda melhor para os resultados da Log-in”, acredita o gestor.

Outro papel que faz parte da carteira do fundo da Daycoval Asset é a Julio Simões Logística (JSLG3). “Com os custos na área de logística aumentando, é natural que as empresas que atuam em outro ramo de atividade comecem cada vez mais a terceirizar este tipo de operação e a Julio Simões está se beneficiando disso,” aponta Rodrigues.

O gestor aponta que o crescimento da Julio Simões está na casa dos 20% ao ano, e com o cenário atual, é natural esperar que o crescimento continue neste patamar pelos próximos 3 anos. “Nossa ideia é justamente encontrar papéis que tenham gordura, que possam ter uma valorização expressiva em alguns anos”, afirma.

Nos últimos 12 meses, os papéis da Julio Simões Logística registraram valorização de 49,1%. Já as ações da Log-In tiveram alta de 27,29% no mesmo período.

Para mitigar os riscos da carteira, eles estipulam um percentual máximo para as ações que fazem parte do portfólio. “Toda estratégia é passível de erros. Por isso, limitamos as nossas posições para evitar possíveis perdas muito fortes. Mesmo aqueles papéis que gostamos muito nunca representam mais do que 15% ou 20% da carteira”, afirma Navarini. Além disso, o gestor também faz hedge (proteção) no Ibovespa futuro. “O Hegde nos ajuda, mas não é a grande explicação para a performance do fundo. O principal mesmo é a escolha das ações”, conclui.

O fundo Daycoval Total Long Bias é destinado a investidores qualificados (com investimentos a partir de R$ 300 mil e que atestem esta condição). A taxa de administração é de 2% ao ano.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip