Gestor é cauteloso com ações da Petrobras: “Sofre muita interferência”, diz

No ano, os papeis PETR3 e PETR4 já estão com 29,39% e 20,01% de perda, respectivamente

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – A Petrobras (PETR3 e PETR4), apesar de sempre ter sido considerada uma empresa sólida, cujas ações sempre foram muito recomendadas para o longo prazo, mesmo com ela em queda no curto prazo, já não desperta mais a atenção dos acionistas fundamentalistas como antes, visto que seus papeis estão em queda há um bom tempo. Sua base de bons fundamentos e impossibilidade de falência já não são garantias.

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O mês de junho foi muito ruim para as ações da companhia. Os papéis ordinários apresentaram uma queda de 22,13% no mês passado, enquanto a desvalorização dos papéis preferenciais atingiu 20,26%. No ano, os papeis já estão com 29,39% e 20,01% de perda, respectivamente. Hoje, as ações da petrolífera também caem forte na bolsa paulista.

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Outro fator que mostra a má fase da estatal, que sofreu muito com as diversas intervenções do governo – como o congelamento de preços do combustível – de acordo com o gestor da FCL Capital, Fernando Araujo, é o seu preço, muito inferior ao seu VPA (valor patrimonial por ação). As ações PETR3 da companhia têm um VPA de R$ 25,71, com as ações custando R$ 13,61 no intraday desta sexta-feira (05). Já as ações PETR4, com o mesmo VPA, valem R$ 15,96 na mesma data.

O gestor afirmou que não dá mais para investir na Petrobras pensando no longo prazo, pois não tem como confiar em uma companhia com tanta participação do governo. “É importante evitar empresas com muita participação do governo, como a Petrobras. Nós gostamos de estar em empresas com lógica capitalista, que visam a maximização de lucro, sem participação do governo. Eu não compraria ações da Petrobras para investir no futuro do meu filho, que tem um ano. Ela sofre interferências que não são da lógica do mercado”, afirmou. Ainda segundo ele, o setor de energia elétrica também é assim. “Nós não gostamos dele também, mesmo tendo boas pagadoras de dividendos”, completou.

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Além das intervenções, dólar alta também prejudica a estatal
Segundo Adriano Moreno, analista da Futura Investimentos, a situação é muito delicada para a empresa, pois ela é importadora de derivados, ou seja, tem que comprar em dólar e vender no mercado interno; o investimento dela é todo em dólar, enquanto ela fatura em real; e o endividamento supera os US$ 100 bilhões.

“Está bem complicado para a Petrobras, não vejo o menor sentido de entrar em posição nessa empresa agora, pois ela tem tudo para continuar sofrendo”, disse Moreno.

Para ele, quem acreditar que a companhia terá um processo de recuperação, que o governo pode mexer no preço do combustível e que o real vai ficar mais forte, coisas que diminuiriam o spread, até pode entrar no papel, no entanto, ele não vê driver de curto prazo para entrar em Petrobras de forma alguma, afinal, essas duas hipóteses são muito remotas, pelo momento político que o país está passando e pelo final do QE3, respectivamente.

Citi recomenda
Já os analistas do Citi têm opinião diferente e recomendam as ações da Petrobras para este mês. Entre os motivos, eles destacam: “Boas perspectivas de crescimento, forte geração de caixa e distribuição regular de dividendos conferem resiliência em condições extremas de mercado; Iniciativas para crescimento no volume de vendas combinadas com a mais resiliente estrutura de custos do setor dão suporte para a perspectiva de bons resultados”