Ações de energia dos EUA e Europa podem ser “valiosas” com sobe e desce do petróleo, diz Citi

Esses papéis poderiam funcionar como "fonte de renda" e talvez oferecer uma proteção contra choques e aumento das pressões inflacionárias

Bruna Furlani

Poços de petróleo em Talf, na Califórnia (Carolyn Cole/Getty Images)

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As preocupações do mercado financeiro em torno de uma eventual expansão ou não do conflito entre Israel e Hamas e os potenciais efeitos sobre o petróleo reforçaram uma visão mais positiva do Citi com ações de empresas produtoras de energia americanas e europeias.

Sem citar nomes, a equipe de análise do banco destacou, em relatório divulgado no último domingo (15), que os papéis de tais companhias poderiam funcionar como “fonte de renda” e talvez oferecer uma proteção contra o aumento das pressões inflacionárias e choques.

Uma das explicações estaria na redução da oferta. “Com a Opep [Organização dos Países Exportadores de Petróleo] cortando a produção mais do que os produtores dos EUA aumentam a oferta, ações de produtoras de energia dos EUA e da Europa seriam acréscimos “valiosos ao portfólio”, defendeu o Citi.

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Outro fator envolve eventuais sanções contra o Irã e a Rússia, que representam cerca de 15% da oferta de petróleo mundial, o que poderia provocar impacto negativo importante nos mercados, se fosse “sustentada”.

“O abastecimento mundial de petróleo apresenta tanto ‘risco de concentração’ como risco geopolítico e político substancial”, lembrou o Citi.

Reação mais “modesta” ao conflito

Embora vejam o agravamento das tensões com cautela e destaquem que o escopo da guerra permanece “pouco claro”, o banco observou que os mercados globais têm apresentado uma reação mais “modesta” ao trágico conflito entre Israel e Hamas.

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“O que move os mercados são os acontecimentos que catalisam um ponto de virada nas economias regionais ou na economia global. 90% dos eventos geopolíticos chocantes da história desde a Segunda Guerra Mundial não causaram um colapso na economia mundial. O impacto econômico da maioria dos conflitos é regional”, acrescentaram os analistas.

Um dos reflexos disso também pode ser visto nos preços do petróleo. Após a forte de mais de 4% vista na última segunda-feira (9) logo após o começo dos ataques, as cotações da commodity deram uma acalmada nos últimos dias.

Perto das 16h desta segunda-feira (16), os contratos futuros de petróleo tipo Brent fecharam com queda de 1,36%, a US$ 89,65, enquanto o WTI recuou 1,17%, cotado a US$ 86,66.

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Uma das explicações dadas pela equipe do Citi é que nem Israel nem o Irã aparentam ter pressa em ter envolvimento em um conflito militar direto, segundo os principais conselheiros militares e políticos ouvidos pela casa.

Nas conversas, especialistas destacaram que a capacidade de Israel em declarar guerra em múltiplas frentes era “limitada” e que o Irã tinha “razões políticas e práticas para não provocar um conflito ainda mais amplo”.

Outro detalhe que tende a evitar um alastramento do conflito é o apoio em termos de defesa enviado pelos EUA ao governo israelense. Na visão do Citi, a ajuda foi acompanhada por extensas medidas políticas destinadas a limitar o âmbito geográfico do conflito armado.

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