Sem ceticismo: Barclays eleva preço-alvo da Oi em mais de 100% após fusão

Analistas do banco vão na contramão das outras casas de análise, que demonstraram cautela em relação à oferta de ações e ao endividamento da companhia

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – O Barclays mostrou grande otimismo com a fusão entre Oi (OIBR3; OIBR4) e Portugal Telecom, indo na contramão do que muitos analistas escreveram em seus relatórios. O banco britânico elevou o preço-alvo da ação em mais de 100%, além de também jogar a recomendação do nível mais baixo para o mais alto.

O preço-alvo em dólares estipulado pela equipe de análise da Oi passou de US$ 1,50 por ação para US$ 3,60. Em reais, o preço-alvo ficou em R$ 9,22 para a ação ON da Oi e R$ 8,02 para a PN, mostra o banco em seu relatório. O novo target representa um potencial de valorização de mais de 100% para ambos papéis. Já a recomendação, que antes era “underweight” (similar à venda), subiu para “overweight” (similar à compra).

“Isso é largamente por conta de uma perspectiva muito positiva de corte de custos, como evidenciado pelas sinergias potenciais desta fusão”, afirmam os analistas Jonathan Dann, San Dhillon, Roman Arbuzov e Maurice Patrick. Eles destacam que a margem Ebitda (Ebitda/receita líquida) deve crescer dos atuais 32% para 35% em 2016, como consequência disto. 

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Eles destacam que o desempenho de Zeinal Bava na Portugal Telecom é animador para o acionista da Oi – ele teve bastante sucesso tanto em inovação quanto em corte de custos. A PT foi completamente transformada por Bava, que conseguiu aumentar os níveis de penetração da empresa ao mesmo tempo em que conseguiu reduzir os gastos operacionais em 18%.

Outra casa de análise que viu com bons olhos foi a Moody’s, que alerta para os benefícios de tamanho e escala, com financiamento de mercado de capitais. “Mas mais importante, a PT divide boas práticas para ajudar o caminho de crescimento de receitas da Oi”, afirma Soummo Mukherjee, vice-presidente da Moody’s.

Analistas desanimados
Já os analistas do Credit Suisse não se mostraram seguros quanto às sinergias afirmadas pelas companhias através da fusão, no valor de R$ 5,5 bilhões. Se confirmados, as ações podem ter um potencial de valorização de 20%, sendo um grande gatilho para a performance do papel. Por outro lado, o aumento de capital no valor de R$ 8 bilhões previsto na operação – sendo R$ 2 bilhões já garantidos – pode gerar um “overhang” (excesso de liquidez) nas ações no curto prazo. Essas mesmas preocupações são expressadas pelos analistas do Citi.

Enquanto isso, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s colocou em revisão com perspectiva negativa as notas de crédito ‘BBB-’ da Oi. Segundo nota da S&P, a revisão ocorre “porque com base em nossa avaliação preliminar, deverá levar mais tempo para a entidade combinada apresentar métricas de proteção de crédito mais fortes que estavam amparando a perspectiva estável da empresa”.

Bom para a Portugal Telecom
O acordo também é bom para a PT: ela deve ter o rating elevado pela Moody’s em breve, de acordo com a agência. Além de ter uma garantia de um grupo financeiramente mais forte – a CorpCo será uma das maiores empresas de telecomunicações do mundo -, a PT consegue diversificar sua base de atuação, que atualmente anda fraca por causa do desempenho ruim da economia portuguesa. 

Já a casa de análise Bernstein Research que elevou o preço-alvo da companhia para € 6,00 – uma alta considerável próxima do preço de fechamento da ação nas última sessões, em € 4,70, alta de 27,66%. Eles destacam que a fusão ajudará a elevar – e muito – a qualidade terrível da governança corporativa da Oi. “A nova companhia estará em uma posição muito melhor para beneficiar-se de qualquer consolidação que puder ocorrer no Brasil”, afirmam os analistas Robin Bienestock, John Keith e Sam McHugh.