Entre cortes de rating e preço-alvo, OGX perde R$ 1,1 bi de valor em 2 dias

7 bancos de investimento cortaram estimativas para a petrolífera de Eike, pouco antes da S&P reduzir o rating para "quase default"; resultado: ações caíram 19,64% nesta terça-feira e puxaram restante do grupo X

Paula Barra

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SÃO PAULO – Após Eike Batista admitir na véspera a inviabilidade comercial de quatro campos na Bacia de Campos, incluindo Tubarão Azul, seu único campo produtor de óleo e que vai parar em 2014, a OGX Petróleo (OGXP3) entrou num novo patamar aos olhos dos analistas. Sete bancos internacionais cortaram o preço-alvo dos papéis nesta terça-feira (2), sendo que três deles veem as ações a R$ 0,10 no cenário mais pessimista. Como se não bastasse a redução drástica na avaliação das casas, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou a nota de crédito da petrolífera em dois degraus.

Com isso, o cenário que se desenhou para o empresário ficou ainda pior do que na véspera. As empresas do Grupo EBX listadas na bolsa tiveram perdas de R$ 1,063 bilhão nesta sessão. Considerando apenas a participação que Eike detém nas empresas, ele viu sua fatia diminuir em R$ 612,6 milhões. Nos últimos dois dias, as seis companhias X perderam R$ 2,262 bilhões em valor de mercado, sendo que somente a OGX perdeu R$ 1,067 bilhão em valor, indo para R$ 1,488 bilhão.

Nesta sessão, os papéis da petrolífera fecharam em queda de 19,64% – a maior do Ibovespa -, sendo cotados a R$ 0,45. O movimento levou para baixo as demais ações do grupo, como foi o caso de: LLX Logística (LLXL3, -11,24%, R$ 0,79), OSX (OSXB3, -15,79%, R$ 1,12), MMX Mineração (MMXM3, -17,29%, R$ 1,10), CCX Carvão (CCXC3, -9,21%, R$ 0,69) e MPX Energia (MPXE3, -8,75%, R$ 6,57). 

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Veja quanto cada companhia do grupo EBX perdeu de valor de mercado nesses dois dias:

Ação Valor de mercado 28/06  Valor de mercado 02/07 Perda
OGX Petróleo R$ 2,556 bilhões  R$ 1,488 bilhão R$ 1,067 bilhão
LLX Logística R$ 687,1 milhões R$ 555,2 milhões R$ 131,8 milhões
MMX Mineração R$ 1,431 bilhão R$ 1,070 bilhão R$ 360,1 milhões
OSX Brasil R$ 411,2 milhões R$ 323,1 milhões R$ 88,1 milhões
CCX Carvão R$ 154,8 milhões R$ 119,1 milhões R$ 35,7 milhões
MPX Energia R$ 4,367 bilhões R$ 3,788 bilhões R$ 578,4 milhões
Total R$ 9,607 bilhões R$ 7,345 bilhões R$ 2,262 bilhões

Risco de calote confirmado com corte de rating
Contribuindo para a derrocada do império “X”, um consultoria colocou a petroleira brasileira em terceira da lista de maiores ameaças de calote aos credores. 
O resultado do levantamento acompanha a avaliação da S&P, que rebaixou a nota de crédito da empresa em dois degraus, de “B-” para “CCC”, segundo nível considerado como com alto grau de inadimplência pela agência de classificação de risco. O último corte por parte da agência ocorreu no dia 3 de abril, quando a nota da petrolífera passou de “B” para “B-“.

A perspectiva para o rating é negativa, o que indica que a S&P vê espaço para novos cortes. Em nota, a agência aponta que o portfólio menor de ativos prejudicará o desempenho da OGX, sua liquidez e capacidade de atingir níveis de produção e geração de caixa para cobrir seu atual nível de dívida. 

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Vale lembrar que no começo de junho, a Fitch já havia rebaixado a nota da empresa para o mesmo nível. Na ocasião, a agência disse que o corte refletia a crescente incerteza em relação à intenção e à capacidade do acionista controlador, Eike Batista, de honrar a opção de venda das ações detidas pela OGX, no montante de US$ 1 bilhão.

7 bancos cortam preço-alvo
Nesta manhã, o UBS reduziu o preço-alvo das ações da OGX, de R$ 1,00 para R$ 0,20, representando um potencial de desvalorização de 64,29% em relação ao fechamento da última segunda-feira (1). Entretanto, apesar do cenário ruim para as ações da petrolífera, os analistas Lylliana Yang e Henrique Piretti elevaram a recomendação para as ações da empresa de energia do grupo, a MPX (MPXE3), de neutra para compra, mas reduziu o preço-alvo de R$ 11,00 para 9,00, representando um potencial de alta de 25%. 

HSBC e Credit Suisse também reduziram o preço-alvo, sendo que eles colocaram o “target” em R$ 0,30. Em relatório, os analistas dos bancos de investimentos reiteraram que a empresa precisaria resolver com urgência essa equação do fluxo de caixa tanto no curto prazo, quando no médio e longo prazo.

Enquanto isso, o JPMorgan revisou para baixo o preço justo dos papéis para entre R$ 0,50 e R$ 0,70, reconhecendo o upside existente no caso da “put” ser exercida por Eike Batista, acionista controlador da OGX, embora existam preocupações quanto à possibilidade de entrar em prática. Se Eike exercer o direito, haverá uma injeção de US$ 1 bilhão no capital da petrolífera.

Por fim, o Deutsche Bank, Morgan Stanley e Bank of America Merrill Lynch, com as análises mais pessimistas, reduziram o preço-alvo para R$ 0,10. O BofA, aliás, sugeriu dois cenários nada promissores para OGX: ou a venda da empresa ou a liquidação financeira total.

Na sessão anterior, algumas corretoras já haviam feito análises pouco otimistas para a empresa. É o caso da Planner, que chegou a dizer que, com o anúncio feito pela OGX, ela mudou de status a passou de “companhia em crescimento” para uma empresa que busca apenas sobreviver.

Bancos e Petrobras caem junto
Diante dessas avaliações, o mercado se mostra cada vez mais descrente de que as empresas do Grupo EBX honrem seus compromissos com os credores, o que ajudaram a jogar para baixo as ações dos bancos brasileiros.

O Bradesco (BBDC3; BBDC4) viu queda de 3,19% para os papéis ordinários, que fecharam a R$ 29,80, enquanto os preferenciais recuaram 5,07%, a R$ 27,32. Já o Itaú Unibanco (ITUB4) viu suas ações recuaram 4,32%, fechando a R$ 27,27. No caso dessas ações, o efeito OGX se deu pelo fato de os bancos serem um dos principais credores da empresa. Juntamente com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), eles emprestaram pelo menos R$ 1 bilhão cada um para pagamento de curto prazo às companhias de Eike. 

A derrocada do “império X” também fez barulho nas ações da Petrobras (PETR3; PETR4). Os papéis ordinários caíram 3,94%, a R$ 14,14, enquanto as preferenciais recuaram 4,76%, a R$ 15,39 – menor patamar desde 5 de dezembro de 2008. Os investidores colocam na conta a dúvida sobre um possível fracasso na exploração da companhia, fazendo uma analogia ao que ocorreu com a OGX.