Via Varejo: XP ainda vê pressão para ação após queda de 10% e reduz recomendação

Em meio à forte baixa na véspera, ação da Via Varejo teve recomendação reduzida pela XP para neutra 

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Na última quinta-feira, mesmo dia em que as ações da companhia fecharam em queda de 10,36%, no pior pregão desde 1 de outubro de 2018, a Via Varejo (VVAR3) teve a recomendação reduzida de compra para neutra pela XP Research, com o preço-alvo sendo reduzido de R$ 7 para R$ 6. 

A expectativa é de que a companhia, controladora das redes varejistas Casas Bahia e Ponto Frio, recupere seus resultados em 2019. Contudo, a elevação das incertezas frente a venda da Via Varejo para um investidor estratégico, – principalmente após o anúncio feito na noite de ontem pelo controlador Pão de Açúcar (PCAR4) e logo após um resultado fraco no quarto trimestre de 2018 – deve manter a pressão sobre as ações. 

Na última quinta-feira, o GPA comunicou que segue em busca de um comprador para a Via Varejo até o final do ano. Contudo, em meio às dificuldades, a participação poderia ser alienada diretamente a mercado – e isso levaria mais um ano para se concretizar. 

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“Reconhecemos que o desinvestimento para um investidor estratégico pode, de fato, ser um gatilho relevante, potencialmente desencadeando uma OPA (Oferta Pública de Aquisição), mas o tempo e a probabilidade de se materializar são muito incertos, enquanto operacionalmente, após trimestres subsequentes de decepção, gostaríamos de entrega e visibilidade antes de recuperar a convicção”, destaca a analista da XP, Betina Roxo. 

A venda da participação do GPA na Via Varejo é de 3,09% do capital da empresa, ou 40 milhões de ações, que será realizada através de um contrato de TRS (Total Return Swap) a ser firmado através de uma instituição financeira. A companhia já havia feito uma operação parecida para a venda de 50 milhões de ações da Via Varejo em dezembro, que já foi concluída. “Na nossa visão, potenciais novos anúncios de venda de participação, que a empresa reconhece como possíveis, elevam a incerteza sobre a venda da Via Varejo para um investidor estratégico”, avalia a analista.

2018 fraco, perspectivas melhores…

Essa notícia foi mais um baque após a companhia divulgar na última quarta números fracos do quarto trimestre. A varejista  registrou um prejuízo líquido de R$ 279 milhões no quarto trimestre do ano passado, revertendo um lucro líquido de R$ 111 milhões de igual intervalo de 2017. No acumulado de 2018, o prejuízo líquido atingiu R$ 267 milhões, ante um lucro líquido de R$ 168 milhões em 2017. 

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Apesar do crescimento das vendas, a companhia registrou menor margem bruta no período e também foi afetada por outras despesas operacionais, resultantes da reestruturação realizada pela companhia. As vendas nas mesmas lojas ficaram estáveis e o crescimento nas vendas online foram abaixo do esperado. 

A companhia enfrentou um 2018 desafiador, conforme destacou a XP em comentário logo após o resultado do quarto trimestre, ressaltando o processo de integração de suas lojas online e físicas e implementação de um novo sistema de vendas. 

Contudo, a empresa seguiu com a sua visão positiva para 2019: em teleconferência de resultados do quarto trimestre, os diretores da empresa ressaltaram a expectativa de melhora gradual dos resultados ao longo dos próximos trimestres.

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Segundo a empresa, grande parte dos problemas operacionais de 2018 foram resolvidos ou estão sendo endereçados. Ela ainda divulgou suas projeções para o ano, com expectativa de manter o crescimento de vendas mesmas lojas em 2 pontos percentuais acima da inflação e crescimento das vendas online entre 15-20% no ano.

A varejista também espera que a margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) seja superior a 6%. “Além de recuperação nas vendas e melhora na composição de produtos, a empresa focará em redução de despesas, que terá papel importante
desde que não afetem nível de serviço e experiência de compra do cliente na loja. Estimamos, conservadoramente, margem Ebitda em 5,5% em 2019 e 6,3% em 2020″, aponta a XP.

Entre outras iniciativas, a Via Varejo espera em breve oferecer o crediário digital, inicialmente para clientes pré-aprovados e depois para todo o público, o que pode impulsionar vendas, além de estarem mais assertivos e agressivos em mídia de massa, que impacta diretamente as vendas das lojas físicas e também
o online. Por último, um calendário de ofertas de longo prazo foi definido para possibilitar compras eficientes, abastecimento das lojas e cronograma de mídia.

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Assim, as perspectivas para a Via Varejo são positivas. Contudo, o ruído com relação à venda das ações e a dificuldade na busca por um comprador devem fazer com que os papéis sigam pressionados.  

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.