Timberland, Vans, Kipling e mais 15 marcas pedem informações sobre couro brasileiro

Segundo carta enviada ao ministro do Meio Ambiente, setor exporta 80% da produção

Paula Zogbi

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Atualização: após enviar carta ao governo, José Fernando Bello, presidente do CICB, disse que cometeu um equívoco ao alertar sobre a suspensão das importações pelas empresas listadas. Ele disse ao Broadcast Agro que, na verdade, a importadora solicitou esclarecimentos adicionais sobre o couro brasileiro. 

SÃO PAULO – As marcas Timberland, Dickies, Kipling, Vans, Kodiak, Terra, Walls, Workrite, Eagle Creek, Eastpack,The North Face, Napapijri, Bulwark, Altra, Icebreaker, Smartwoll e Horace Small solicitaram informações adicionais referentesà rastreabilidade e o controle couro brasileiro, o qual importam, por questões ambientais.

Na última terça-feira (27), o CICB (Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil) havia dito, em carta enviada ao ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, que as importações por parte dessas empresas estaria suspensa.

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Essa informação foi corrigida pela própria entidade na tarde de quarta-feira (28). “Obtivemos a informação de que não haverá cancelamentos”, disse o presidente da associação, José Fernando Bello, desmentindo a carta que ele mesmo assinou na noite anterior. 

De acordo com o documento, as notícias sobre queimadas na Amazônia motivaram a ação das 18 companhias. Bello pediu que o ministério tenha atenção especial à situação, que classifica como danosa à imagem do país no mercado externo.

“Recentemente, recebemos com muita preocupação o comunicado de suspensão de compras de couros a partir do Brasil de alguns dos principais importadores mundiais. Este cancelamento foi justificado em função de notícias relacionando queimadas na região amazônica ao agronegócio do país”, dizia a carta.

Confira a carta neste link ou abaixo, na íntegra: 

Ao Excelentíssimo senhor
Ministro do Meio Ambiente
Ricardo Salles

Prezado ministro
O Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) é a associação que representa todas as empresas produtoras de couros do país no âmbito nacional e internacional.
Recentemente, recebemos com muita preocupação o comunicado de suspensão de
compras de couros a partir do Brasil de alguns dos principais importadores mundiais.
Este cancelamento foi justificado em função de notícias relacionando queimadas na
região amazônica ao agronegócio do país. Para uma nação que exporta mais de 80% de sua produção de couros, chegando a gerar US$ 2 bilhões em vendas ao mercado externo em um único ano, trata-se de uma informação devastadora.
Entendemos com muita clareza o panorama que se dispõe nesta situação, com uma
interpretação errônea do comércio e da política internacionais acerca do que realmente ocorre no Brasil e o trabalho do governo e da iniciativa privada com as melhores práticas em manejo, gestão e sustentabilidade. Porém, é inegável a demanda de contenção de danos à imagem do país no mercado externo sobre as questões amazônicas.
Exemplos de marcas internacionais que já solicitaram suspensão de compras de couro do Brasil:
– Timberland
– Dickies
– Kipling
– Vans
– Kodiak
– Terra
– Walls
– Workrite
– Eagle Creek
– Eastpack
– JanSport
– The North Face
– Napapijri
– Bulwark
– Altra
– Icebreaker
– Smartwoll
– Horace Small
Com isso, o CICB está dedicando seu trabalho à tentativa de reversão deste quadro junto aos clientes do couro brasileiro. Ao mesmo tempo, solicita ao ministério uma atenção especial sobre a realidade que já nos é posta, com a criação de barreiras comerciais por importantes marcas ao produto nacional.
Atenciosamente,
José Fernando Bello
Presidente executivo do CICB

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney