Tem algo errado? Empresa que pode ter lucro extraordinário cai até 7% um dia antes do balanço

Ação da JBS bateu hoje seu menor patamar desde o final de agosto; analistas comentam que a reação do papel nesta sessão está "exagerada"

Paula Barra

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SÃO PAULO – Um caso curioso ocorre na sessão desta quinta-feira (29). A JBS (JBSS3), que entrou no holofote do mercado nos últimos dias por conta de um lucro extraordinário que deve reconhecer em seu balanço do terceiro trimestre, afunda na Bovespa neste pregão, a apenas um dia antes da divulgação do seu resultado. 

Para quem não está acompanhando tão de perto a empresa, uma desvalorização dessas causa estranheza: teria algo errado ocorrendo? Com a queda, o papel bateu hoje seu menor patamar desde o final de agosto, chegando a ser cotado a R$ 14,26 (representando uma queda de 7% na mínima do dia). Os papéis, no entanto, fecharam com queda de 4,82%, a R$ 14,60. 

A explicação dessa reação – considerada pela analistas consultados para essa reportagem, como “exagerada” – está lá fora. Isto porque sua subsidiária americana Pilgrim’s Pride divulgou balanço hoje abaixo das expectativas do mercado. A companhia viu seu lucro cair 46% no período, para US$ 137,06 milhões, quando comparado com o mesmo trimestre de 2014. 

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Em nota a clientes, o Bank of America Merrill Lynch foi bem claro: essa reação da JBS é exagerada. O papel estaria acompanhando o desempenho dos papéis da Pilgrim’s Pride, que caíam 6,71% nos Estados Unidos. Uma queda abrupta hoje dos papéis da JBS, que poderia ser, para os analistas, uma oportunidade de compra. O BofA lembra que a Pilgrim’s Pride representa apenas 25% da JBS.  

A expectativa para os números da JBS não mudou. Em comentário feito nesta manhã, o BTG Pactual comentou que um resultado ainda bom (apesar de desaceleração em termos de margem na comparação trimestral), o que poderia ajudar na performance da JBS na Bolsa.

O que esperam do balanço?
Enquanto boa parte das empresas sofrerão com uma economia cambaleante, a JBS deve registrar um fluxo de caixa livre superior a R$ 10 bilhões no terceiro trimestre, por conta da sua estratégia de proteção cambial, estima Credit Suisse.

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A instituição estima que os derivativos da JBS contribuam com R$ 12,709 bilhões para o resultado financeiro líquido da companhia, que deve ficar positivo em R$ 5,281 bilhões no período.

Além de estar protegida pela variação cambial, por ter 84% de seu faturamento em dólar e uma porcentagem parecida em dívida em moeda americana, a companhia é beneficiada por uma “aposta” na direção da moeda. No final do segundo trimestre, a companhia possuía R$ 37,2 bilhões em derivativos ligados ao dólar, entre contratos de dólar futuro e swaps cambiais. Os analistas esperam que esse efeito cambial gere um lucro líquido maior em 2015, de R$ 5,012 bilhões. Os cálculos assumem que o dólar permanecerá em R$ 4,15.

Se o cálculo do Credit Suisse se provar correto, a JBS vai mais do que compensar o resultado financeiro negativo de R$ 2,3 bilhões do trimestre passado, com desempenho líquido de R$ 3,044 bilhões desde o início do ano nesta linha do seu balanço.