Publicidade
Existem diversos tipos de fundos dispostos a investir em empresas dos mais diversos tamanhos e fases de crescimento. Venture capital e private equity são os mais conhecidos do mercado, porém uma modalidade vem ganhando tração nos últimos anos no Brasil: os search funds.
O que difere este tipo de fundo dos outros é a essência de empreendedorismo que ele possui. Um search fund é encabeçado por um executivo que levanta recursos para que ele possa comprar uma empresa para administrar. O objetivo aqui não é construir um portfólio de companhias.
A busca desses fundos é por empresas de médio porte, com faturamento anual entre R$ 20 milhões e R$ 100 milhões, e que já estejam dando lucro. Em um paralelo simples, é um modelo similar ao das SPAC’s (sigla em inglês para Companhias com Propósito Específico de Aquisição).
“Eu costumo brincar que uma SPAC é um ‘search fundão’”, resume Gabriel Ronacher, responsável pelo fundo Arco Capital, que fez a aquisição da insurtech Agger em dezembro do ano passado por meio deste modelo – hoje, Ronacher é o CEO da empresa.
O executivo aponta que os search funds estão ganhando escala no Brasil desde 2015, pelo menos. A modalidade existe há mais de 40 anos nos Estados Unidos e movimentou cerca de R$ 4 bilhões pelo mundo entre 2020 e 2021, segundo dados da IESE Business School. Aqui no país, além da Arco Capital, existem pelo menos outros 12 fundos ativos nas mais diversas fases de prospecção, como a Nalim Capital e a 220 Capital.
Primeiro contato
Ronacher criou a Arco em 2019, após terminar um MBA na Universidade de Cambridge, no Reino Unido. A ideia surgiu ainda na época dos estudos, após acompanhar uma palestra do professor Simon Webster, um dos pioneiros dos search funds na Europa.
“Eu sempre gostei de investimentos, mas não me via nesta área. Porém, após assistir esta apresentação e conhecer o modelo, vi que existia uma possibilidade para o meu perfil”, relembra.
O mestre confiou tanto na proposta do aluno que Webster assinou um dos cheques para a Arco Capital, que conta ainda com aportes do cofundador do iFood, Guilherme Bonifácio, e Diego Libanio, cofundador do Zé Delivery.
Ao todo, o fundo possui 18 investidores, de sete nacionalidades diferentes. “Isso nos dá uma oportunidade de network e captação de recursos que muitas empresas médias não possuem”, aponta Ronacher.
‘Diamante bruto’
Constituído o fundo, Gabriel Ronacher buscou e foi apresentado a mais de uma centena de empresas e teses. Foram 20 meses de prospecção até chegar na Agger, uma empresa que oferece softwares para corretores de seguros. “Nós vimos a Agger como um diamante bruto com características complementares ao que podemos agregar”, explica.
Entre o primeiro contato e o anúncio da transição foram dez meses, relembra Ronacher. Os valores da aquisição não foram divulgados. “O nosso diferencial foi o fundador entender que nós daríamos o fôlego necessário para a empresa, que não iríamos comprar a Agger para transformá-la em um departamento de outra empresa”, diz.
Crescimento
Fundada há 27 anos em Rio Claro, no interior de São Paulo, a Agger é uma interface entre o corretor de seguros e a seguradora. Por meio dos softwares oferecidos pela empresa, os corretores conseguem cotar produtos com 35 empresas que estão acopladas no sistema da Agger.
Atualmente, a empresa conta com sete mil clientes, que pagam uma mensalidade de R$ 60 a R$ 120 por mês. A meta da empresa é que o faturamento cresça 25% neste ano. Até 2024, o objetivo é chegar a dez mil clientes.
“Neste primeiro ano, focamos em entender melhor o negócio, potencializar talentos e investir mais no marketing da empresa. Queremos acelerar ainda mais o crescimento no ano que vem”, finaliza Ronacher.
You must be logged in to post a comment.