Seara (JBSS3) lança linha para disputar público com apps de comida

Após dois anos de pesquisa e desenvolvimento, linha quer trazer refeições a custo acessível com a carne como protagonista

Rikardy Tooge

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Há pelo menos quatro anos o preço das carnes no Brasil segue em patamares altos. O aumento nos açougues é uma consequência de diversos fatores. Entre eles, um apetite maior da China por proteínas animais, e fruto da grave crise de peste suína africana que assolou o país asiático. Por aqui, a pandemia impulsionou ainda mais os valores praticados no mercado interno, tornando a presença de alguma carne mais difícil no prato do brasileiro.

Em 2021, os preços das carnes suína, bovina e de frango chegaram a subir cerca de 30%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano passado e nos primeiros meses deste ano, o valor está em queda, embora continue em um patamar acima do observado até 2018.

Além do encarecimento das carnes, o período de confinamento também estabeleceu o hábito entre os consumidores de buscar refeições prontas e mais rápidas, em detrimento dos restaurantes, por exemplo. Para além dos apps de comida, o faturamento no segmento de alimentos congelados cresceu 16% apenas nos dois últimos anos.

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Neste cenário, a Seara, empresa da JBS (JBSS3), lançou recentemente uma linha de alimentos congelados que traz a carne de volta ao prato a um preço acessível, de até R$ 10. Neste primeiro momento, serão seis refeições, de galinhada a bife de panela acebolado, para testar a aderência ao produto.

“Foram dois anos de pesquisa com os consumidores para mapear essa mudança de hábito recente. Os consumidores se habituaram a pedir mais comida e vimos uma oportunidade”, explica Gabriela Pontin, diretora executivo de alimentos preparados da Seara.

A linha é uma das diversas iniciativas dentro de um plano de R$ 8 bilhões da JBS em investimentos para expansão e inovação no Brasil no ciclo 2019-2024.

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Gabriela Pontin, diretora executiva da Seara (Divulgação)
Gabriela Pontin, diretora executiva da Seara: hábito por alimentos prontos no radar da empresa (Divulgação)

Enquanto busca aceitação do cliente final, Pontin destaca que o produto já está sendo bem-visto pelos supermercadistas. “O lançamento ocorreu na Apas Show [principal feira do varejo de alimentos] e tivemos uma boa avaliação dos varejistas. A visão era de que a categoria de congelados estava um pouco parada”, diz a executiva.

Além da nova linha, chamada de “Sabor do Dia a Dia” a Seara possui outras linhas de alimentos congelados, como a “Gourmet”. A empresa também é dona das marcas de margarina Delícia e Doriana, além da de embutidos Marba. Segundo a empresa, o crescimento de mercado de sua divisão de pratos prontos foi acima do mercado em 2022, embora não divulgue os números.

A despeito de a Seara não abrir números específicos de sua operação de alimentos congelados, a exemplo de sua principal concorrente, a BRF (BRFS3), especialistas de mercado lembram que o principal negócio das companhias continua sendo a produção e venda das carnes de frango e porco in natura, com foco na exportação.

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A nova linha de alimentos prontos chega em um momento em que a Seara busca recuperar suas margens após um desempenho abaixo do esperado no primeiro trimestre deste ano, o que acabou contribuindo para o prejuízo reportado pela sua controladora JBS no período.

De janeiro a março, a Seara obteve faturamento líquido 8,9% maior, de R$ 10,8 bilhões. Por outro lado, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) ajustado caiu 76,1%, para R$ 147 milhões, com margem de 1,4% (queda de 5,1 pontos percentuais). A margem foi impactada, sobretudo, com problemas na exportação de proteínas e alto custo dos insumos.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br