Rússia anuncia que 1º lote de vacina contra Covid-19 está previsto pra setembro

A vacina ganhou noticiários após ser a 1ª contra a Covid-19 aprovada e pela critica da comunidade cientifica sobre a falta de testes

Allan Gavioli

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SÃO PAULO – Nesta segunda-feira (31), Mikhail Murashko, ministro da Saúde da Rússia, anunciou que o primeiro lote da vacina desenvolvida pelo país, chamada de “Sputnik V”, estará pronto no começo do mês de setembro. Segundo a autoridade russa, uma campanha de vacinação em massa começará no país em outubro deste ano.

“A vacina será primeiramente dada para trabalhadores da área da saúde e professores”, disse Murashko, afirmando também que a vacinação não será obrigatória.

O Ministério da Saúde russo ainda afirmou que mais de 20 países já encomendaram doses do medicamento. A expectativa é que a população civil do país comece a ser vacinada a partir do dia 1º de janeiro de 2021, segundo um registro no site do ministério da saúde russo.

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Vacina foi aprovada, mas testes começam agora

Embora já tenha sido aprovada, a vacina russa deve iniciar sua terceira fase de testes, com 40 mil voluntários, nesta semana, segundo informações publicadas no Clinical Trials, site do governo americano que compila estudos clínicos privados e públicos conduzidos em todo o mundo.

Dos 40 mil voluntários, a expectativa é que 30 mil participantes recebam a vacina, e os outros 10 mil, um placebo (substância inativa), para servir de grupo de controle. Murashko declarou que já foram recrutadas cerca de 2,5 mil pessoas para os testes.

O ministro ainda disse que a produção da vacina caminha paralelamente ao monitoramento, pós-registro, da eficácia da imunização.

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“Quanto à vacinação contra o coronavírus, neste momento, simultaneamente, o aumento da produção e a observação pós-registro estão em andamento. Em primeiro lugar, claro, as vacinas serão fornecidas para profissionais de saúde e professores, e isso [vacinação] será absolutamente voluntária”, declarou.

Vacina ainda levanta dúvidas

A “Sputnik V” ganhou os noticiários mundiais não apenas por ter sido a primeira vacina contra a Covid-19, mas também pelas críticas da comunidade cientifica internacional, que questiona a falta de estudos que comprovem a eficácia e segurança da vacina.

De acordo com o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado em 28 de agosto, 33 vacinas contra o coronavírus estão em fase de testes e outras 176 estão em desenvolvimento. Das 26 em testes clínicos, 6 estão na última fase.

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Estatísticas jogam contra a vacina

Segundo um recente estudo da Plos One, revista científica da Public Library of Science, projeto global sem fins lucrativos que tem o objetivo de criar uma biblioteca de revistas científicas dentro do modelo de licenciamento de conteúdo aberto, as chances de prováveis candidatas para uma vacina darem certo é de seis a cada 100.

Em uma reportagem recente, o InfoMoney mostrou o complexo trajeto que uma vacina possui antes de poder ser aplicada.

O relatório ainda afirma que a média de tempo para produção de uma vacina e sua ampla disseminação global é de cerca de 10,7 anos. Para efeito de comparação, caso a vacina para o novo coronavírus saia ainda neste ano ou no próximo, esse já seria, de longe, o menor tempo hábil que o ser humano levou para desenvolver uma vacina.

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A vacina mais rápida a ficar pronta foi a contra a caxumba, criada nos anos 1960, em um processo que levou quatro anos.

Portanto, para conter a crise do novo coronavírus, laboratórios e cientistas do mundo inteiro estão correndo contra o tempo e as estatísticas para encontrar a melhor solução no menor tempo possível.

Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.