Resultado do Pão de Açúcar não anima, mas ações disparam 5%: entenda por quê

Balanço da varejista veio pior do que o esperado pelos analistas, mas a notícia do processo de reestruturação animou o mercado

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Grupo Pão de Açúcar (PCAR4) divulgou seu resultado do segundo trimestre na noite de quarta-feira (24) e apesar de um alta de 217,4% no lucro, o número foi considerado fraco e pior que o projetado pelos analistas. Mas, diferente do que seria esperado naturalmente, as ações da companhia dispararam quase 5% neste pregão.

E isso é explicado não pelo balanço, mas pela notícia do andamento do processo de reestruturação da varejista, envolvendo seu controlador, o grupo francês Casino. E é por conta desta novidade, que foi melhor que o esperado, que o mercado está deixando um pouco de lado o resultado nesta quinta.

O GPA fechou o segundo trimestre com lucro líquido após o IFRS 16 de R$ 490 milhões, enquanto a receita operacional medida pelo Ebitda somou R$ 888 milhões, um avanço de 0,9%. Por outro lado, a margem Ebitda ajustada ficou em 6,8%, uma queda de 0,7 ponto porcentual.

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As vendas totais alcançaram R$ 14,2 bilhões, um crescimento de 11,3%. A empresa destacou que “manteve a boa tendência dos últimos trimestres, mesmo diante dos desafios do ambiente de consumo e da queda da inflação ao longo do segundo trimestre”.

Em relatório, o Bradesco BBI aponta que já esperava um resultado fraco no segmento de Retail (hipermercados, supermercados, lojas de baixo e ecommerce), mas que os números ficaram ainda pior que o esperado.

“Não nos parece que haverá uma solução rápida para isso, então investimento em margem deve continuar no segundo semestre e isso deve levar a revisão para baixo das nossas estimativas”, avalia a instituição. Atualmente, o BBI tem recomendação “outperform” (acima da média do mercado) para os papéis, com preço-alvo de R$ 120, o que representa um potencial de alta de 29% sobre o preço atual dos ativos.

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Mas o que trouxe otimismo para a ação nesta sessão foi a informação de que o Conselho de Administração do Pão de Açúcar autorizou o início dos trabalhos preparatórios objetivando a migração da empresa para o Novo Mercado, considerando a conversão das ações preferenciais em ações ordinárias na proporção de 1:1.

No mesmo comunicado, a empresa destacou que, com base em uma recomendação favorável do comitê especial independente que analisa a reestruturação de suas operações na América Latina, orientou que sua subsidiária operacional Sendas Distribuidora aprove o lançamento de uma oferta pública com vistas à aquisição de até a totalidade das ações de emissão de Almacenes Éxito, sociedade de capital aberto localizada na Colômbia, ao preço de 18.000 pesos colombianos por ação, o equivalente a aproximadamente R$ 21,20.

Além disso, o Casino anunciou que vai oferecer R$ 109 pelas ações ON que a Éxito tem do GPA como um segundo passo desta reestruturação. Para o Bradesco BBI, este movimento era esperado, mas apesar do Pão de Açúcar pagar um valor acima do esperado por Éxito, também irá receber mais pelo Casino pelos papéis ON, já que a projeção do banco era de R$ 95.

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Com isso, o GPA vai pagar cerca de R$ 9,5 bilhões e receberá R$ 5,4 bilhões de volta do Casino, avaliam os analistas, deixando a transação praticamente “cash-neutra” para o grupo francês.

Os analistas do BBI veem a notícia como positiva, dado que o mercado tem muitas preocupações sobre uma potencial saída maior de caixa de GPA. “Isso coloca o GPA mais perto da migração para o Novo Mercado, o que é positivo para o papel”, avaliam.

Já o Credit Suisse destacou que o valor que o Casino irá pagar pelas ações da Éxito pelo GPA deve reduzir “significativamente as preocupações com a governança corporativa”.

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“Quanto maior o valor pago por esse stake, menor é o valor implícito que a GPA paga pela Éxito”, escreveram os analistas, acrescentando que o Pão de Açúcar está adquirindo a Éxito a um múltiplo de 7,4x EV/Ebitda, “que é um bom desconto para os players listados no Brasil”.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.