Petrobras sacrifica eficiência pelo pré-sal e recuperação deve vir em 2014

Apesar de céticos com a companhia no curto prazo, Bradesco diz que dados do pré-sal confirmam boa escolha da petrolífera

Fernando Ladeira

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SÃO PAULO – Quando a Petrobras (PETR3, PETR4) descobriu a camada pré-sal em 2007, a grande quantidade de recursos necessários para as atividades de exploração levou a direção da petrolífera a algo semelhante à escolha de Sofia: priorizar os pesados investimentos em produção no pré-sal ou manter as atividades e assegurar a eficiência da empresa nos poços já existentes?

A primeira opção foi a escolhida e foi a correta, na visão da equipe de análise do Bradesco, liderada por Auro Rozenbaum. O preço a se pagar foi a queda na eficiência, como pode ser observado nos números dos últimos dois anos.

Apenas no último ano, considerando o período que se encerrou em agosto, a perda na produção nos poços apresentava taxas de declínio de 40%. “Apesar de não ser oficialmente confirmado pela empresa, a nossa impressão é que o ritmo de declínio superou as expectativas da Petrobras”, escrevem em relatório datado do início da semana.

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Mas a petrolífera já começa a colher os frutos de suas escolhas. Os analistas ressaltam as altas taxas de produtividade nos poços do pré-sal e a baixa taxa de declínio nestes poços, ao afirmarem que os dados foram surpreendentemente positivos. Os poços na Bacia de Santos, por exemplo, possuem produção em torno de 26 mil a 32 mil barris de petróleo por dia, muito acima dos 15 mil originalmente previstos pela empresa.

2014: o ano da virada
Portanto, eles estimam que essa queda de 40% na produção dos poços já é o pior momento da empresa. Isso é, os próximos relatórios de produção devem mostrar melhora. “A razão é que a expansão da frota de sondas da Petrobras e do Proef (Programa de Eficiência Operacional) não devem apenas recuperar a eficiência dos poços existentes, mas também assegurar uma melhor produtividade nos novos poços com manutenção adequada”, estimam.

Dessa forma, as projeções para os próximos anos são otimistas. O cronograma da Petrobras prevê que até o fim desta década 37 novos sistemas entrarão em operação, o que deve adicionar 3,8 bilhões de barris à empresa. 

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Para o curto prazo, no entanto, a percepção ainda é ruim. Em 2013 a produção ainda deverá ser inferior que no ano passado, estima o Bradesco. A aceleração deve vir somente em 2014, quando os novos sistemas devem entrar em operação e a eficiência deve ser recuperada. A expectativa é de uma produção de 2,11 milhões de barris de petróleo por dia em 2014, contra o 1,99 milhão projetado para este ano. Junto com essa recuperação na produção deve vir uma valorização mais consistente das ações, escrevem os analistas.

Pré-sal faz empresa mudar de rumo
Com a descoberta do pré-sal em 2007, a empresa teve que rever sua estratégia. “Não apenas a escala da operação iria mudar materialmente, mas os recursos disponíveis (fundos e equipamentos) estavam longe do suficiente para apoiar a operação e desenvolver as descobertas nos reservatórios simultaneamente”.

Os analistas do banco citam, por exemplo, que o capex (investimento em máquinas e equipamentos) disparou desde então, sendo que os ativos em construção já somam US$ 80 bilhões, segundo dados do terceiro trimestre de 2012.

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A falta de equipamentos é outro empecilho para as atividades da empresa. Em 2007, a empresa tinha apenas 5 sondas de perfuração no mar. Foram necessários cinco anos para que ela alcançasse um número adequado de sondas para suprir as necessidades de exploração, desenvolvimento e manutenção das operações. Em 2013, a empresa deve ter 41 sondas.

Por ora, a recomendação do Bradesco é de market perform, isso é, desempenho em linha com o mercado, com um preço-alvo de R$ 28,50 para as ações preferenciais, um potencial teórico de valorização de 50,4% sobre o último fechamento.