Petrobras passa agora por um bom teste sobre se irá cumprir o que promete, diz Planner

Corretora destaca que disparidade de preços de combustíveis ultrapassou 10% e que, agora, é a hora de ver se a companhia adotará uma política mais realista

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A Petrobras (PETR3;PETR4) vê a diferença entre os preços praticados no mercado interno e no exterior aumentar cada vez mais. E se, na semana passada, o Credit Suisse destacou em relatório que o preço do petróleo da gasolina praticado internamente está 9% abaixo do externo e a companhia deveria elevar o preço se a disparidade de preços fosse acima de 10%, para a Planner, a companhia já chegou ao ponto de ter que elevar os preços.

De acordo com cálculo divulgado em relatório da Planner, a gasolina está sendo vendida no Brasil com um valor 10,6% menor que no exterior. No caso do diesel, os preços no Brasil são 10,2% superiores aos do mercado externo. “Uma paridade dos preços com o mercado externo é uma questão fundamental para a geração de caixa da Petrobras, a redução do seu endividamento e, naturalmente, para a obtenção de lucros”, avalia o analista da corretora, Luiz Francisco Caetano.

Caetano destaca a afirmação recorrente da nova diretoria de que vai praticar uma política de preços mais realista, não permitindo que as defasagens tragam os prejuízos que trouxeram no passado. “Um bom teste para estas afirmações é agora, quando a defasagem na gasolina está crescendo”, avalia.

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O crescimento explosivo de 403,2% do endividamento que a Petrobras apresentou nos últimos quatro anos teve como uma das causas principais a defasagem de preços com relação ao exterior, aponta a corretora. Em um período de cotações elevadas do petróleo, a Petrobras vendia combustíveis com preços menores no Brasil, o que resultou em prejuízos elevados.

“Vale lembrar que em 2014 as vendas de gasolina representaram 21,2% da receita no mercado interno (16,5% do faturamento consolidado). As vendas de diesel foram equivalentes no mesmo ano a 38,2% das receitas no Brasil e 29,6% do consolidado”. A recomendação dos ativos preferenciais da Petrobras é de manutenção, com preço justo de R$ 15,00 por ação.

Em busca do preços de mercado
Segundo informações da Folha de S. Paulo do final de maio, a Petrobras, para reforçar a credibilidade junto aos investidores, assumirá formalmente o compromisso de praticar preços de mercado na venda de combustíveis em seu novo plano de negócios. O plano deve ser divulgado na primeira quinzena de junho.

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Porém, a equipe do presidente da estatal, Aldemir Bendine, também acredita que os preços precisam ser reajustados na prática para recuperar a confiança.

Por outro lado, segundo apurado pelo jornal, é pouco provável que a estatal se comprometa com uma fórmula concreta de reajuste de gasolina e diesel, como chegou a ser cogitado algumas vezes pela ex-presidente da petroleira, Graça Foster.

De acordo com dados do CBIE, a política de segurar os preços dos combustíveis fez com que a estatal deixasse de ganhar R$ 55 bilhões entre 2011 e 2014. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.