Petrobras fecha 2012 com lucro de R$ 21,18 bilhões e supera estimativas

Analistas de Deutsche Bank, Itaú BBA, BES, Ágora e Planner esperavam ganhos de R$ 18,95 bilhões no ano

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Após ganhos de R$ 7,74 bilhões no último trimestre de 2012, a Petrobras (PETR3PETR4) registrou lucro líquido atribuível aos acionistas de R$ 21,18 bilhões no ano de 2012, queda de 36,42% frente o lucro líquido de R$ 33,31 bilhões visto no mesmo período em 2011. O resultado da estatal veio acima das projeções compiladas pelo Portal InfoMoney, que era de lucro líquido de R$ 18,95 bilhões no ano, de acordo com os analistas de Deutsche Bank, Itaú BBA, BES, Ágora e Planner. Eles estivam ganhos de R$ 5,367 bilhões no último trimestre. 

No ano, a companhia teve produção média de 2,598 milhões de barris de petróleo por dia, queda de 1% frente 2011. Como importa para suprir a demanda nacional, a disparidade entre o preço dos derivados no Brasil e no exterior fez com que o lucro recuasse mais agressivamente do que a produção. A presidente da companhia Maria das Graças Foster destaca que está determinada para consolidar as melhorias de gestão na companhia

“Pautados pela transparência e pragmatismo, continuaremos dedicando todo nosso conhecimento e esforços para atingirmos as metas do nosso Plano de Negócios e Gestão, o que se refletirá no aumento de valor para nossos acionistas e investidores”, afirma. O resultado da Petrobras vem em um momento complicado, no qual a companhia é comparada com a PDVSA.

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Receita e geração operacional de caixa
A receita de vendas da petrolífera no ano ficou em R$ 281,38 bilhões, superando em 15% o montante visto no mesmo período de 2011. Contudo, o número ficou aquém o esperado em 0,63%. No trimestre, as receitas foram de R$ 73,405 bilhões, alta de 12,48%, mas 3,28% abaixo do esperado. 

Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, amortização e depreciação) ficou em R$ 53,43 bilhões no ano, mostrando piora de 14,15% em relação ao mesmo período do ano passado, quando essa linha atingiu os R$ 62,246 bilhões. Em relação às expectativas, o Ebitda veio 4,08% abaixo. A discrepância foi superior entre o estimado e o reportado no trimestre: 14,15%, atingindo os R$ 11,94 bilhões. 

Resultado financeiro e custo de produtos vendidos
O resultado financeiro líquido da Petro foi negativo em R$ 3,72 bilhões no ano, frente a receita financeira de R$ 122 milhões durante o ano de 2011. “Isso ocorreu pelos efeitos da depreciação cambial sobre o maior endividamento líquido”, explica a companhia. 

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A petrolífera reportou ainda um aumento de 26% no custo dos produtos em 2012, atingindo os R$ 43,53 bilhões. De acordo com a empresa, três fatores justificam isso: o aumento de 8% no volume de vendas no mercado interno, graças às importações, o efeito da depreciação cambial sobre as importações de petróleo e o aumento da depreciação e depleção, graças à entrada em operação de novas instalações. 

Confira as projeções do mercado para o resultado da Petrobras
(em R$ milhões) 2012 2012E* 2011 2012/2012E 2012/2011 4T12 4T12E** 4T11 4T12/4T12E 4T12/4T11
*Média das projeções entre Deutsche Bank, Itaú BBA, BES, Ágora e Planner
**Média das projeções entre Deutsche Bank, Itaú BBA, Ágora e Planner
Receita Líquida 281.379 283.169 244.176 -0,63%  +15,24% 73.405 75.901 65.257  -3,28% +12,48%
Ebitda 53.439 55.711 62.246 -4,08% -14,15% 11.944 14.359 14.054  -14,15%  -15,01%
Lucro líquido 21.182 18.958 33.313 +11,73%   -36,42% 7.747  5.367 5.049  +44,35% +53,44%

** Geração operacional de caixa ou lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização
*** Relação percentual entre receita líquida e geração operacional de caixa

Resultado por segmento
A empresa mostrou resultados distintos em seus seis segmentos. Apenas o principal, E&P (Exploração e Produção), e Distribuição mostrou melhora. Os segmentos de Abastecimento, Biocombustível, Gás & Energia e Internacional mostraram piora no ano.

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E&P (Exploração e Produção) teve ganhos líquidos de R$ 45,44 bilhões no terceiro trimestre, o que corresponde a um crescimento de 11,95% frente 2011. “O aumento do lucro líquido decorreu da elevação dos preços de venda e transferência do petróleo nacional, refletindo a depreciação cambial e a redução do impairment, o que foi parcialmente compensado pela elevação dos custos com manutenção e intervenção em poços, afretamento de plataformas, depreciação de equipamentos e participações governamentais”, avalia a companhia. 

Já a produção nacional caiu 0,93% no ano, atingindo 2,35 milhões de barris de petróleo equivalente por dia. “A produção de petróleo reduziu em função do maior número de perdas operacionais e da interrupção da produção em Frade”, afirma a companhia – lembrando que a entrada em produção de novos poços e a melhoria dos níveis de eficiência na Bacia de Campos compensaram esse efeito. 

Abastecimento
A área de abastecimento foi uma das grandes responsáveis pela piora dos números da companhia. O resultado negativo de R$ 9,95 bilhões cresceu para um rombo de R$ 22,93 bilhões – crescimento de 129,42%. A companhia destaca a elevação de custos com aquisição e transferência de petróleo e importação de derivados, embora a produção destes tenha crescido cerca de 5% internamente.

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É válido destacar que as importações de petróleo e derivados cresceu 4%, atingindo 7792 mil barris diários. A exportação caiu 13% passando de 631 mil barris para 548 mil barris por dia. A companhia afirma que procurou atender a maior demanda do mercado doméstico. 

Gás & Energia
No segmento de Gás & Energia, houve uma queda de 47,31% no resultado líquido do período frente ao ano de 2011, chegando a R$ 1,638 bilhão. “A redução do lucro líquido decorreu das menores margens de comercialização de gás natural, refletindo o efeito cambial sobre custos de importação, fator parcialmente compensado pelo aumento da receita da geração”, comunicou a empresa. 

Biocombustível, distribuição e internacional
No segmento de biocombustível, o resultado líquido negativo de R$ 157 milhões em 2011 foi elevado para R$ 218 milhões em 2012, decorrência da mudança nas regras dos leilões, ocorridas no último trimestre de 2011, atenuando as perdas.. 

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Já a área de distribuição fechou 2012 com lucro líquido de R$ 1,79 bilhão, alta de 53% na passagem anual. “O aumento no lucro líquido decorreu do crescimento em 16% nas margens de comercialização, em função da volatilidade de preços do etanol observada em 2011”, finaliza a companhia. 

A refinaria de Pasadena impactou diretamente a área internacional da companhia, que apresentou queda de 33% no lucro líquido, atingindo R$ 1,305 bilhão. A refinaria problemática ocasionou perdas de R$ 464 milhões no ano.