Passagens aéreas podem ficar 50% mais caras com efeitos da pandemia, estima Iata

Setor vem sendo muito prejudicado e pode não restar alternativa para a sobrevivência, se não aumentar os preços das passagens

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – Considerando uma média mundial, os preços das passagens aéreas podem subir entre 43% e 54% em relação às tarifas do ano passado, segundo uma estimativa da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata). Levando em conta apenas a América Latina, os preços devem subir 50%.

A crise causada pela pandemia do coronavírus vai trazer mudanças ao setor quando as fronteiras forem reabertas e uma retomada de viagens se iniciar.

Na prática, devido à baixa demanda de passageiros, queda nos preços de combustíveis e com grande parte da frota no solo, uma queda de preço é esperada dada a competição acirrada dos players do setor, mas as restrições advindas da Covid-19, como novos regulamentos de distanciamento social e custos operacionais, devem aumentar os preços no médio prazo.

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“Para as companhias aéreas atingirem o break even [o chamado ‘ponto de equilíbrio’, que consiste no momento em que a empresa consegue pagar as contas sem prejuízo] precisarão aumentar os preços das passagens”, afirma o documento da Iata. Ou seja, para não falir, a alternativa será repassar mais custos ao passageiro.

“As companhias aéreas estão lutando por sua sobrevivência. Eliminar o assento do meio aumentará os custos. Se isso puder ser compensado com tarifas mais altas, a era das viagens acessíveis chegará ao fim. Por outro lado, se as companhias aéreas não puderem recuperar os custos com tarifas mais altas, vão falir”, afirma Alexandre de Juniac, o CEO da Iata em comunicado.

Veja aumento de preços por região:

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Região  Aumento de preço estimado pela Iata
Ásia-Pacífico 54%
América Latina 50%
Europa 49%
Ásia Setentrional 45%
África e Oriente Médio 43%
América do Norte 43%

Por que deve ficar mais caro? 

Segundo a associação, o distanciamento social vai obrigar as aéreas a seguirem novas regras, o que vai causar um desequilíbrio na taxa de ocupação dos assentos do avião.

“Dependendo do tipo de aeronave e da configuração do assento, o distanciamento social pode reduzir o assento disponível capacidade em 33-50%. Por exemplo, com a popular configuração de 3 a 3 lugares, o distanciamento social pode significar deixar o assento do meio vazio nos dois lados do corredor. Por outro lado, para aeronaves com uma configuração de 2-2 assentos, isso pode implicar o preenchimento de apenas um assento por fila em cada lado do corredor”, diz o documento.

Ainda, a associação estima, considerando toda a frota global de aeronaves, que o distanciamento social reduziria a taxa de ocupação de assento para 62% da capacidade normal.

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O problema é que a média global hoje é de 77% e a proporção de assentos ocupados em uma aeronave é um importante fator no desempenho financeiro da companhia aérea.

“Considerando todas as regiões, com base em uma amostra de 122 companhias aéreas, apenas 4 companhias aéreas da amostra conseguiriam atingir o break even com coeficiente abaixo de 62%. As 118 companhias aéreas restantes, com seus preços atuais, ficariam deficitárias”, explica a associação.

Ou seja, as restrições advindas da pandemia poderiam prejudicar a grande maioria das aéreas. O documento não informa quais são essas quatro companhias aéreas.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.