NBA perde apoio de patrocinadores chineses após tuíte polêmico

A China se mostra cada vez mais sensível com a guerra comercial desaquecendo a economia e com protestos pró-democracia em Hong Kong

Bloomberg

(Shutterstock)

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(Bloomberg) — A Associação Nacional de Basquete dos Estados Unidos, ou NBA, perdeu quase todos os principais patrocinadores da China, o maior mercado da liga fora dos EUA, em uma demonstração do poder econômico do governo depois que um tuíte em apoio aos manifestantes de Hong Kong provocou um boicote aos atletas norte-americanos.

Uma joint venture da Nissan Motor foi a última a retirar o apoio à liga de basquete. A maior fabricante de roupas esportivas da China, a segunda maior empresa de laticínios e uma marca de smartphones também disseram que vão cancelar o patrocínio.

A rede de TV estatal CFTV e a gigante da tecnologia Tencent disseram na terça-feira que não exibirão os jogos da pré-temporada da NBA.

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Na mais recente polêmica envolvendo a organização de basquete, Pequim recorre a uma estratégia já testada, com alvo em empresas que considera um desafio aos seus interesses políticos – especialmente aquelas que questionam sua soberania sobre determinados territórios.

O furor, desencadeado pelo tuíte de um executivo do Houston Rockets na semana passada, atingiu em cheio a NBA em um mercado de bilhões de dólares.

“Pequim adota uma atitude de tolerância zero a qualquer interferência estrangeira percebida em seus assuntos internos”, disse Hugo Brennan, analista-chefe para a Ásia da consultoria de risco global Verisk Maplecroft. “Isso explica por que está adotando uma postura tão rígida.”

A polêmica ofuscou o que deveria ser uma semana importante para a NBA na China, com partidas de exibição de duas equipes de elite.

O Brooklyn Nets – recentemente comprado pelo cofundador do Alibaba Joe Tsai – e o Los Angeles Lakers se enfrentam em Xangai na quinta-feira, e em 12 de outubro em Shenzhen, do outro lado da fronteira de Hong Kong.

A tensão também levantou dúvidas se os jogos realmente vão acontecer. As duas equipes, que já estão em Xangai, devem conversar com a mídia na quarta-feira, mas as conferências de imprensa, programadas para começar às 16h30, horário local, foram adiadas sem aviso prévio.

Desafiada em várias frentes, a China se mostra cada vez mais sensível. A guerra comercial agrava o desaquecimento na economia de US$ 13,6 trilhões, enquanto protestos pró-democracia em Hong Kong questionam a capacidade do governo de controlar um território semiautônomo.

Isso fez com que o agora deletado tuíte de Daryl Morey, gerente-geral do Houston Rockets, fosse visto como particularmente incendiário por Pequim.

A Dongfeng Motor, joint venture da Nissan, suspendeu o patrocínio à NBA, enquanto o Mengniu Group, que controla uma empresa de laticínios e tem uma antiga parceria de marketing com a NBA, disse que “se opõe resolutamente a todas as palavras e ações que desafiam a soberania nacional da China e colocam em risco a estabilidade social” do país. A Anta Sports Products, uma empresa de roupas esportivas e tênis que tem estrelas da NBA como embaixadoras da marca, disse que o tuíte de Morey foi “equivocado”.

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