Não sabe o que é “block trade”? Entenda a operação que sempre que a Bolsa anuncia traz fortes emoções para a ação

Alvo dessa operação na próxima sexta-feira, as ações da Locamerica, que chegaram a subir 2,3% na máxima do dia, encerraram o pregão em queda de 4,7%

Paula Barra

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SÃO PAULO – As ações da Locamerica (LCAM3), que chegaram a subir 2,33% na máxima desta quinta-feira (4), fecharam o pregão em queda de 4,71%, a R$ 20,01. O motivo da virada foi o anúncio de uma operação, conhecida no mercado como “block trade” (um leilão agendado por um grande investidor para se desfazer de uma grande quantidade de ações), que, normalmente, quando divulgada, provoca uma forte pressão vendedora. 

Para entender os motivos que levam à derrocada, vamos nos atentar ao comunicado da B3 sobre a operação que envolverá os papéis LCAM3: o leilão envolverá 4,05 milhões de papéis da companhia, a R$ 18,79 cada, podendo movimentar R$ 76,09 milhões. Para se ter uma ideia da grandeza: o montante representa 154 dias de negociação da ação, considerando o volume financeiro médio diário movimentado nos últimos 21 pregões (cerca de R$ 490 mil).

Mas não é somente o fluxo que provoca uma pressão vendedora: no “block trade”, o preço da venda é previamente estipulado pelo acionista que vai se desfazer do papel e, no caso da Locamerica, saiu a R$ 18,79 por papel, ou 7,4% abaixo do valor de fechamento da última quarta-feira – razão pela qual a ação fechou perto da mínima desta sessão (-5,19%, a R$ 19,91).

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Um ponto de alento.. 
Apesar da forte queda hoje, um ponto pode servir de alento aos investidores. Como o “block trade” resulta da venda maciça de ações de um grande investidor, os dias posteriores ao leilão costumam vir acompanhados de uma correção do papel. A explicação é simples: como há uma venda generalizada de ações, os preços começam a ficar atrativos para compra ao mesmo tempo em que “seca” a quantidade de acionistas querendo se desfazer dos papéis. Mas importante: isso é o que normalmente ocorre, não uma regra.

Vale menção ainda que os papéis da Locamerica vinham de uma forte alta na Bolsa – valorização de 23% do fechamento do dia 27 de dezembro até 3 de janeiro -, na esteira da notícia de que a Locamerica e a Unidas irão se unir, formando a segunda maior companhia de aluguel de automóveis do Brasil em número de veículos. Após a conclusão da operação, a Locamerica-Unidas contará com uma escala com mais de 100 mil carros, 234 lojas de locação de veículos, 72 lojas de seminovos e presença em todos os Estados e no Distrito Federal. Nas palavras dos analistas do BTG Pactual, “mais um movimento transformacional”. Razão pela qual eles mantiveram recomendação de compra na ação e que contribuiu para a continuidade do rali no fim do ano. Em 2017, os papéis da companhia saltaram 229%, depois de subirem 96% em 2016. 

Sobre o “block trade” da Locamerica, para quem quiser acompanhá-lo, ele está marcado para ocorrer das 15h15 às 15h30 da próxima sessão na B3 e será intermediado pela Votorantim Corretora na ponta compradora e Itaú BBA na ponta vendedora. Pelo comunicado da Bolsa, o acionista não faz parte do bloco de controle, nem é membro do conselho da empresa.

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