MMX completa 7 anos na bolsa e vê sua ação derreter 57%

Em meio a tantas mudanças no Grupo EBX, promessas não cumpridas e grandes projetos adiados, papel da mineradora alcançou no início de julho seu menor patamar da história

Paula Barra

Igarape, 04 de novembro de 2011Imagens das minas de minerio de ferro Tico Tico e Ipe, da empresa MMX, no complexo Serra Azul.Foto: Bruno Magalhaes / Nitro

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SÃO PAULO – Dia 24 de julho de 2006: há exatos 7 anos, a MMX Mineração (MMXM3) fazia sua estreia na BM&FBovespa. De lá pra cá, as ações da companhia acumulam desvalorização de 57,67%, em um período marcado por diversas mudanças no Grupo EBX, de Eike Batista, promessas não cumpridas e adiamento de projetos – como da Mina de Serra Azul, de Minas Gerais, que teria início em 2014 e acabou sendo “empurrado” para 2017.

Até 2008, assim como as demais empresas “X”, a MMX vivia um período de fartura na bolsa, atingindo em 11 de junho daquele ano seu patamar mais alto da história (R$ 20,87), representando uma valorização de 492% do preço do IPO (Oferta Pública Inicial, na sigla em inglês).

Entretanto, nos últimos meses, as ações têm tido um desempenho típico daqueles papéis especulativos – que sobem muito e descem mais ainda. Com promessas não cumpridas e falta de credibilidade no mercado, os papéis da companhia sofreram um baque de 62,47% este ano. A distância entre o que havia sido prometido por Eike Batista na época do IPO e os resultados atuais ajudam a explicar o desempenho negativo das ações: na época, o controlador da empresa disse que ela produziria 37 milhões de toneladas de minério de ferro por ano até 2011; hoje, ela produz apenas 7,4 milhões.

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Em 3 de julho deste ano, os papéis da mineradora atingiram o menor patamar da história, quando alcançaram a marca de R$ 1,00 no intraday daquele dia. A derrocada, entretanto, não foi apenas dos papéis da MMX, mas também de todas as ações das empresas “X”. Naquele mesmo pregão, a OGX Petróleo (OGXP3), LLX Logística (LLXL3), OSX Brasil (OSBX3) e CCX Carvão (CCXC3) e MPX Energia (MPXE3) – única empresa que Eike não é mais o controlador – também figuraram perto das suas mínimas históricas.

O desempenho dos papéis é resultado da crise no grupo controlador, EBX, que se acirrou no início deste ano, com o anúncio de que os poços da OGX, empresa de petróleo do grupo, atualmente em operação no campo de Tubarão Azul não terão sua produção aumentada e poderão parar de produzir ao longo de 2014. 

Empresa à venda?
Em meio ao cenário conturbado, o mercado aponta que foi coloca em marcha o plano completo de desmembramento do Grupo X. A joia da coroa da MMX é seu porto, o Sudeste, no litoral do Rio de Janeiro, e não suas minas, que são de baixa qualidade. Por isso, vem crescendo rumores de que o porto estaria entre uma acirrada disputa envolvendo empresas nacionais e internacionais.

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Segundo informações do Valor, siderúrgicas brasileiras que investem em minério de ferro, mas não possuem porto próprio, estariam interessadas para comprar o porto, como é o caso de Usiminas (USIM3; USIM5), Gerdau (GGBR4) e ArcelorMittal, evitando que o porto caia nas mãos da suíça Glencore Xstrata e holandesa Trafigura – com as quais a MMX já confirmou negociações à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). O UBS também disse em relatório que há interessados nacionais e internacionais em comprar ativos do Grupo EBX.

Na área portuária, a MMX tem expectativa de que o Porto Sudeste atinja capacidade de embarque de 50 milhões de toneladas por ano até 2016, podendo ser elevada para 100 milhões de toneladas – embora tal decisão ainda esteja em fase de análise no Inea (Instituto Estadual do Ambiente). 

Por sua vez, na área de minas, a avaliação é que dificilmente a companhia levará adiante a expansão em Serra Azul, pois teria de investir pesado nas instalações de extração e beneficiamento de minério tipo itabirito duro. Em abril, a MMX ainda previa elevar em quase cinco vezes a produção de Serra Azul, das 6 milhões de toneladas de 2012, para 29 milhões de toneladas até 2015. Posteriormente, entretanto, a MMX afirmou, em nota, que na revisão de seu plano de negócios optou por desacelerar o projeto de expansão em Serra Azul.