Julgamento que pode ser um divisor de águas para Vale é marcado para dia 26; entenda

Mineradora precisa decidir sobre adesão em programa de parcelamento de débitos, mas o fato depende de julgamento sobre cobrança de lucro de subsidiárias que ocorrerá na semana que vem

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Se você pensa que o forte resultado do 3º trimestre da Vale (VALE3;VALE5) – a mineradora fechou o período com lucro líquido de R$ 7,95 bilhões, alta de 139% – fosse o último grande evento envolvendo a empresa em 2013, está enganado. No próximo dia 26, o noticiário envolvendo uma das maiores empresas da bolsa brasileira deverá agitar os investidores. Esta é a data marcada para o julgamento da disputa fiscal pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) envolvendo a mineradora e o governo sobre a questão da tributação de empresas controladas e coligadas. 

Vale ressaltar ainda que o dia 29 de novembro é a data limite para que a companhia defina se irá aderir ao programa de parcelamento especial para débitos de controladas e coligadas, feito pelo Refis (Programa de Recuperação Fiscal) – e decidir sobre isso está longe de ser uma tarefa fácil.

Para que a Vale participe do programa ela precisa acabar com a atual ação judicial movida contra ela para o pagamento de impostos sobre suas controladas no valor de R$ 30 bilhões. Desta forma, o julgamento, que estava previsto para o final de outubro foi adiado e fora adiado, é visto como crucial para definir os próximos passos da companhia. 

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Para os analistas Ivano Westin, Marina Melemendjian e Santiago Perez Teuffer, do Credit Suisse, as ações da companhia serão impactadas por qualquer rumor até que seja tomada uma decisão sobre o julgamento e sobre a adesão ao Refis. Enquanto isso, Alexander Hacking e Thiago Ojea, da Citi Corretora, avaliam que algum posicionamento sobre os dois fatos só deverá ser tomado mais próximo do limite do prazo; por isso, a decisão do STJ é tão importante para a companhia. 

A equipe da XP Investimentos destaca que o julgamento segue interferindo no desempenho das ações e é decisivo para o futuro da empresa, já que sua adesão ao programa de parcelamento especial depende desse resultado.

Conforme destaca o analista do UBS entrevistado pela Bloomberg, Andreas Bokkenheuser, o julgamento para o próximo dia 26 representa uma “tábua de salvação” para a Vale, uma vez que dá espaço de tempo para definir se a companhia irá aderir aso Refis. Uma decisão favorável no STJ para a Vale daria mais poder de barganha em suas negociações fiscais futuras.  De acordo com os analistas do Citi, se a Vale aderir à proposta do governo, a companhia reconheceria uma grande perda de uma vez. 

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Entenda a ação judicial
A mineradora contesta no STJ decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (Rio de Janeiro e Espírito Santo) que considerou legítima a cobrança do IR e CSLL sobre os resultados de controladas em Bermudas, Luxemburgo, Dinamarca e Bélgica. O valor cobrado no processo é de R$ 30 bilhões. Os impostos são correspondentes aos anos de 1996 a 2008. 

O adiamento do julgamento da mineradora ocorreu a pedido do MPF (Ministério Público Federal), que em petição apresentada solicitou a retirada do caso porque não teria sido avisado da inclusão do processo na pauta de julgamentos. O MPF alega que a intimação é necessária, pois o órgão teria direito de apresentar parecer sobre os casos pautados. Ainda não há data para ocorrer um novo julgamento.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.