Instalação da Sigma Lithium quer colocar o Brasil no centro da cadeia produtiva de veículos elétricos

Empresa tem perspectiva de produção de até US$ 5,1 bilhões em lítio apenas nas duas primeiras das três fases de exploração

Mariana Amaro

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O aumento da demanda por carros elétricos no mundo surpreendeu os fabricantes dos veículos que, depois de anos hesitando em entrar no mercado, sofrem com falta de materiais para a produção.

Em maio, por exemplo, o CEO do grupo Volskwagen, Herbet Diess, afirmou, em um evento, que a montadora já havia vendido todos os modelos que seriam produzidos até o fim do ano. Na mesma ocasião, Olla Källenius, presidente do conselho do grupo Mercedes-Benz e Jim Farley, CEO da Ford, afirmaram que enfrentavam a mesma situação.

Segundo a consultoria AlixPartners, as vendas de veículos elétricos podem alcançar 33% em 2028 e 54% em 2035.

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Para suportar essa demanda, montadoras e fornecedores devem investir em torno de US$ 520 bilhões na fabricação dos carros e das baterias entre 2022 e 2026 –mais que o dobro da previsão de investimentos entre 2020 e 2024, de US$ 234 bilhões.  E o Brasil pode estar no centro dessa produção e se tornar uma potência na fabricação de lítio, material essencial para as baterias desse tipo de veículo.

A canadense de lítio Sigma Lithium, listada na Bolsa de Toronto, com ações negociadas na Nasdaq é controlada por brasileiros e está construindo uma planta de operações no Vale do Jequitinhonha para de beneficiamento de lítio extraído nas cidades de Itinga e Araçuaí, em Minas Gerais.

Essa fábrica fará o beneficiamento do mineral de forma a torná-lo um insumo pré-químico com alto teor de pureza, o que faz com que o preço da tonelada seja multiplicado por 100 – de cerca de 60 dólares a tonelada para um valor ao redor de 6 mil dólares. Para as duas cidades, os ganhos são enormes, uma vez que a empresa pagará royalties sob seu faturamento e 60% do valor arrecadado fica com as próprias cidades.

Com investimento de R$ 1,2 bilhão, todo o financiamento necessário para a operação já está garantido e a empresa já tem acordos firmados com alguns dos maiores players do mercado mundial para a produção das baterias, como a LG, empresa coreana que fornece peças para indústrias automobilísticas como Volkswagen, GM, Fiat Stellantis, Audi e Porsche, e as prospecções já realizadas pela empresa, auditadas externamente, estimam uma perspectiva de produção de até US$ 5,1 bilhões em lítio apenas nas duas primeiras das três fases de exploração.

Para Ana Cabral-Gardner, CO-CEO da Sigma Lithium, o Brasil está em uma posição estratégica para liderar a transição energética no mundo. “Nosso gás é natural, a energia é renovável, barata e abundante. Estamos em uma localização privilegiada, no Oceano Atlântico e com um ambiente regulador modernizado”, diz. Tudo isso, afirma Gardner, deve empurrar o país para o centro da cadeia produtiva de carros elétricos.

Mariana Amaro

Editora de Negócios do InfoMoney e apresentadora do podcast Do Zero ao Topo. Cobre negócios e inovação.