A eleição que pode transformar a BR Distribuidora

Nesta quarta-feira acionistas se reúnem para eleger o novo conselho de administração da companhia

Letícia Toledo

(Divulgação)

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SÃO PAULO – A BR Distribuidora deve dar mais um passo fundamental para deixar sua imagem de estatal no passado e provar que pode ser uma empresa semelhante às suas concorrentes da Bolsa. Nesta quarta-feira (18), seus acionistas se reúnem para eleger o novo conselho de administração da companhia.

A Petrobras, que vendeu mais de 30% de sua participação na BR Distribuidora em uma oferta de ações em julho, deve ficar com apenas três dos nove assentos do conselho. O restante dos nomes foi sugerido por algumas das maiores gestoras do país, que são acionistas da BR Distribuidora, entre elas a Verde Asset Management, a SPX e o Opportunity. 

“Buscamos pessoas muito boas, com vontade e disponibilidade de enfrentar o desafio e que, atuando em conjunto, reúnam as competências mais importantes para a companhia no momento atual”, diz Pedro Sales, gestor dos fundos de ações Brasil da Verde. 

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Há candidatos especializados em gestão, reestruturação, cultura empresarial, meios de pagamento, programas de fidelidade, varejo e, claro, no setor de combustíveis. “O novo conselho deve ter um papel bastante ativo na empresa e dar todo o suporte que a diretoria precisa para melhorar sua eficiência”, afirma Luiz Constantino, sócio e gestor do Opportunity.

Na avaliação de Sales, da Verde, e de Constantino, do Opportunity, o potencial da BR Distribuidora depende da continuidade de um processo de melhoria de gestão e redefinição de estratégia, que pode igualar a empresa a suas concorrentes e aumentar suas margens.

No primeiro semestre do ano, a BR Distribuidora teve uma margem ebitda de R$ 70 por metro cúbico. Apesar de ter a liderança no setor de distribuição de combustíveis, a margem da companhia ainda está distante de suas duas principais concorrentes: Raizen e Ipiranga fecharam o período com a margem de R$ 98 por metro cúbico. 

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Para Constantino, um dos principais papéis do conselho será auxiliar em um longo processo de mudança da cultura da empresa, para deixar de lado os processos burocráticos e as indicações estatais e se tornar uma empresa meritocrática. 

Para isso, deverá ser desenhado um modelo de remuneração para os principais executivos, atrelando os salários e bônus às metas da companhia. Procurada, a SPX não comentou.

Os nomes do novo conselho

A Petrobras continua sendo a maior acionista da BR, com 37,5% de participação, e sugeriu três nomes para a votação desta quarta-feira. Um deles é Edy Kogut, que foi diretor da holding da Camargo Corrêa e está no conselho atual.

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Os demais são Alexandre Firme Carneiro, sócio diretor da consultoria ValorArt, e Maria Carolina Lacerda, que tem passagem pelos bancos UBS, Deutsche Bank, Merrill Lynch e Unibanco.

Os nomes sugeridos pelos demais acionistas são: Carlos Piani, ex-CEO da PDG Realty e da Equatorial Energia; Claudio Roberto Ely, que presidiu a Drogasil entre 1998 e 2011; Leonel Andrade, CEO da Smiles entre 2013 e 2019; Mateus Bandeira, que comandou a Falconi e o Banrisul; Pedro Ripper, membro do conselho da Iguatemi, Positivo Tecnologia e GloboNet, e Ricardo Maia, que durante 25 anos atuou na Ipiranga, como diretor de marketing e gerente de divisão.

O atual conselho da Petrobras possui seis membros, sendo que apenas dois representam os investidores minoritários. A redução no número de conselheiros indicados pela Petrobras faz parte das promessas feitas pela estatal durante a oferta de ações de sua controlada, que reduziu sua participação de 71,25% para 37,5%. 

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As próximas mudanças 

Para ter uma eficiência similar à de suas concorrentes, um passo necessário, segundo um gestor, é a revisão de contratos da BR Distribuidora com seus fornecedores. Após a privatização, que ocorreu com a venda de parte das ações detidas pela Petrobras em julho, a empresa parou de trabalhar com suas longas licitações. 

Na última teleconferência de resultados, no início de agosto, a companhia afirmou que mapeou cerca de 40 contratos que estão passando por revisões em busca de uma melhora da eficiência. 

Para Constantino, do Opportunity, outro passo importante é a mudança na precificação de produtos. No modelo atual, a BR Distribuidora precifica seus combustíveis utilizando uma mesma margem para todo o país.

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“Hoje, a empresa acaba vendendo produtos mais baratos do que o mercado em alguns lugares e muito mais caros em outros. O que a BR Distribuidora precisa fazer é olhar cada região separadamente e adequar suas margens aos preços da concorrência”, afirma Constantino. 

Outra ação que pode ajudar a empresa a melhorar suas margens é a importação de combustíveis e o trading de etanol — campo em que as principais concorrentes acabaram ganhando mais expertise ao longo dos últimos anos.

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Letícia Toledo

Repórter especial do InfoMoney, cobre grandes empresas de capital aberto e fechado. É apresentadora e roteirista do podcast Do Zero ao Topo.