“Sou um dinossauro se mexendo”, afirma Jorge Paulo Lemann

Em evento, Lemann reconheceu que estratégia planejada pelo 3G falhou. "Estamos consertando a companhia", afirmou

Letícia Toledo

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SÃO PAULO – A vida do empresário Jorge Paulo Lemann é repleta de sonhos grandiosos, e realizações na mesma medida, mas, recentemente, não tem sido possível realizar um deles. “Tínhamos o sonho grande de fazer na área de comida, com a Kraft Heinz, o que fizemos em cerveja. Infelizmente, isso não andou”, afirmou Lemann para uma plateia de cerca de 8 mil pessoas neste sábado (6), durante a Expert XP 2019, um dos eventos de investimentos mais relevantes do mundo, organizado pela XP Investimentos.

“O sonho grande não permanece, não é possível construir algo tão grande na parte de alimentos quanto na parte cervejeira. Há cinco ou seis anos não sabíamos que não era possível. Mas estamos consertando a Kraft Heinz, vamos consertar”, afirmou durante a palestra, que também contou com a presença de Guilherme Benchimol, fundador da XP Investimentos.

A AB InBev tornou-se a maior cervejaria do mundo sob o comando de Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. 

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O sonho grande de Lemann na parte de alimentos começou em fevereiro de 2013, quando a tradicional fabricante de ketchup Heinz foi comprada pelo fundo 3G Capital de Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira (os grandes responsáveis por criar o império de bebidas AB Inbev) em sociedade com o megainvestidor americano Warren Buffett. 

Em 2015 veio a compra da Kraft no que prometia ser a primeira de uma série de aquisições de grandes marcas. Mas as mudanças rápidas de consumo no mercado de alimentos atrapalharam os planos dos investidores.

O grupo 3G tem hoje um fundo com US$ 10 bilhões captados cujo objetivo inicial era justamente comprar grandes marcas de alimentos. “O plano anterior era acoplar algo no imperío de alimentos, mas o plano não andou nem vai andar. O 3G está olhando outras coisas, na área tecnológica também… Mas nada definido ainda”, disse.

O “dinossauro” Lemann

“O mundo está mudando muito rápido, tudo é disruptivo hoje em dia”, afirmou Lemann quando questionado por que está sempre viajando e olhando empresas ao redor do mundo.

“Há um ano e meio me autointitulei um dinossauro apavorado. Estava um pouco encastelado, achando que estava tudo bem e tive alguns incidentes que me mostraram como o mundo estava mudando rapidamente”, afirmou.

“Hoje eu sou um dinossauro se mexendo. Correndo atrás pra ver se me atualizo”, completou Lemann arrancando risos da plateia. O empresário também falou sobre seus investimentos nos “unicórnios brasileiros” (empresas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão).

Para Lemann, esses investimentos em unircórnios o tornam mais preparado para os cenários disruptivos. Entre essas startups investidas por ele estão a companhia de meios de pagamento Stone e a de aplicativos Movile, dona o app iFood. “Tem que correr atrás, se não você vira um dinossauro extinto”, completou.

Confira a palestra completa abaixo:

Letícia Toledo

Repórter especial do InfoMoney, cobre grandes empresas de capital aberto e fechado. É apresentadora e roteirista do podcast Do Zero ao Topo.