Forte prejuízo e queda de mais de 50% em 2012: o que acontece com a Plascar?

Empresa deveria se beneficiar das medidas anunciadas pelo governo, mas ações mostram péssimo desempenho nas últimas semanas

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – As ações não param de cair. Essa é a triste realidade dos acionistas da Plascar (PLAS3) atualmente. Nem mesmo as medidas do governo para incentivar a indústria automobilística da semana anterior surtiram efeito. As ações da fabricante de autopeças despencaram 13,86% somente nesta última terça-feira (29), fechando a R$ 0,87. Somente no mês de maio, os papéis PLAS3 já perderam 43,51% de valor, levando a queda anual para 53,26%

Afinal, o que acontece com os papéis da fabricante de autopeças? A grosso modo, publicamente, nada. Ou melhor, quase nada. Os resultados da empresa, divulgados no dia 3 de maio, mostraram números muito negativos, chamando a atenção do mercado. “A empresa tem apresentado resultados ruins, com prejuízo, e o endividamento tem subido bastante”, afirma o analista Eduardo Machado, da Amaril Franklin.

Números ruins, como o prejuízo líquido ajustado de R$ 13,43 milhões, assustam investidores, que procuram outras empresas para investir. Isso fica claro quando comparado com os números da sua principal rival em bolsa, a Autometal (AUTM3). A Plascar possui margem Ebitda (Ebitda/Receita Líquida) de 9,6%, quando excluídos eventos não recorrentes, versus 18,7% da rival. 

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Alavancagem excessiva
É a alavancagem, porém, a grande fonte de preocupação em relação à empresa. A dívida líquida sobre Ebitda (geração operacional de caixa) alcança uma relação de 4,9 vezes, acima do tolerado por boa parte do mercado, que avalia a possibilidade de um calote por parte da empresa. Antes do IPO (Initial Public Offering), realizado no ano passado, a relação da Autometal era de apenas 0,9 vezes – bastante abaixo do visto pela Plascar.

Isso vem, aos poucos, consumindo o resultado financeiro da companhia – grande responsável pelo prejuízo. A companhia também não aproveitou os dois últimos anos vividos pelo setor de autopeças, e apresentou queda de margens enquanto seus competidores mostraram números melhores. Os números de 2011 vieram alterados pela venda de um ativo da companhia, e sem esse evento, o resultado seria vermelho.

Medidas precisam refletir-se em resultados
Mas e por que as ações da empresa não refletiram os rumores de que novas medidas para o setor seriam anunciadas na semana passada, continuando sua trajetória negativa? Parte do mercado se mostra cético quando especulações são feitas, e buscam apostar nas empresas já consolidadas. “O mercado prefere aguardar por resultados mais concretos das medidas, como o seu efeito no balanço trimestral das empresas”, afirma Machado.

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Ele lembra das medidas para o setor siderúrgico, que acabaram não resultando em ganhos expressivos para as empresas do setor. “Às vezes fica só no gogó mesmo”, finaliza Machado. Portanto, o investidor precisa ter cuidado ao tentar especular em cima de medidas do tipo, principalmente em empresas que vivem um mau momento – o tiro pode sair pela culatra.