Fim da festa? Vale tem perdas de 2% com “alertas” de dois grandes bancos

Para o Barclays, o minério de ferro está prestes a despencar de volta para os US$ 50 por tonelada, enquanto o Deutsche reduziu a recomendação para as ações da companhia

Lara Rizério

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SÃO PAULO – As ações da Vale (VALE3) registram ganhos expressivos em 2018, mas registram um dia de baixa nesta sessão em meio a sinais de que o movimento positivo para o minério de ferro pode não perdurar. Os papéis VALE3 registram baixa de 1,91%, a R$ 42,64, de acordo com cotação das 12h37 (horário de Brasília). 

Segundo o Barclays, o minério de ferro está prestes a despencar de volta para os US$ 50 por tonelada, alertando que a commodity enfrenta uma forte queda iminente devido ao recuo da rentabilidade das siderúrgicas da China, à desaceleração do crescimento no maior importador e à oferta em níveis sem precedentes nos portos.

“Há várias surpresas pela frente no mercado”, escreveu em nota Dane Davis, analista em Nova York, prevendo uma montanha-russa nos preços e descrevendo sua previsão de forte queda a curto prazo como uma “visão forte”. Os preços ficarão em média em US$ 70 neste trimestre e em US$ 50 entre abril e junho, antes de uma recuperação no segundo semestre. O último preço do minério à vista foi de US$ 75,71 por tonelada seca, segundo a Metal Bulletin. 

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O minério de ferro subiu e entrou em bull market no mês passado, ajudando mineradoras como Rio Tinto e Vale, porque os limites impostos pelo governo chinês à produção de aço no inverno para reduzir a poluição teriam sustentado a demanda por minério de alta qualidade e preparado o caminho para a recuperação da demanda após a repressão. Mas Davis, do Barclays, disse que quando os limites forem cancelados, apesar de a crescente produção de aço possivelmente ajudar o consumo de minério, o impulso será superado pelo impacto da queda na rentabilidade das usinas. “Acreditamos que, quando a capacidade antes ociosa voltar a ser utilizada, no período de março a abril, a queda resultante da lucratividade desencadeará uma venda em massa”, disse.

Além disso, ajudando a “azedar” o dia da companhia, está a recomendação do Deutsche Bank, que reduziu a recomendação para os ADRs (American Depositary Receipts) para manutenção, enquanto o minério de ferro negociado em Dalian registra baixa de 0,93%, a 531 iuanes. 

Mas será que é o fim do rali para o minério (e para a Vale)? A Bloomberg destaca que a opinião do Barclays de que os preços do minério cairão nos seis primeiros meses contrasta com as projeções do Bank Julius Baer & Co. e do Australia & New Zealand Banking Group, que sinalizaram expectativas de preços mais altos no primeiro semestre quando a China cancelar os limites. Entre os que esperam declínio, o Goldman Sachs afirmou em dezembro que a matéria-prima cairá para US$ 60 em três meses. Assim, apesar da queda, não há um consenso sobre se o “fim da festa” para o minério e para a Vale chegou realmente ao fim. 

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(Com Bloomberg) 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.