Ex-CEO da Petrobras tem R$ 1,4 milhão aplicado em Bolsa, mas só 0,01% na estatal

José Sérgio Gabrielli apresentou uma atualização de sua declaração de bens, que foi publicada no Diário Oficial da Bahia na última quarta-feira e mostra que apenas R$ 120 estão alocados em papéis de sua ex-empresa

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Presidente da Petrobras (PETR3; PETR4) entre 2005 e 2012, José Sérgio Gabrielli mostrou que é um grande investidor em Bolsa, conforme aponta a atualização de sua declaração de bens, publicada no Diário Oficial da Bahia na última quarta-feira (14). No entanto, o “investidor” Gabrielli parece não gostar muito na sua ex-companhia como tese de investimentos, já que ele possui uma parcela quase nula do seu capital aplicado na estatal.

Segundo o documento, o ex-CEO possui R$ 1,4 milhão do seu patrimônio distribuído em 17 empresas – sendo que 14 estão listadas na Bolsa e 3 deixaram o mercado. No entanto, o curioso é que apenas R$ 120 está alocado nos papéis da petrolífera que ele geriu – o que corresponde a menos de 0,01% do seu capital. 

Se o fato de um empresário não acreditar o suficiente na companhia que presidiu para comprar ações já gera estranheza, a importância de Gabrielli na história da Petrobras gera muito mais estranhezaConforme citou Bernardo Mello Franco em sua coluna na Folha de S. Paulo, o ex-presidente deixou a petrolífera aclamado depois da descoberta do pré-sal e da proclamação do Brasil como país autossuficiente em petróleo, fato o que fez ser cotado para se tornar sucessor natural de Jacques Wagner como governador da Bahia. Os planos, no entanto, acabaram caindo por terra com a descoberta pela Operação Lava Jato de desvios bilionários dos caixas da companhia para o pagamento de propina a políticos e empresários de empreiteiras. 

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Em maio de 2008, quando o nome do economista filiado ao PT era sinônimo do sucesso da Petrobras, as ações preferenciais da petroleira estavam cotadas a R$ 50,56. Ontem, os mesmos papéis fecharam cotados a R$ 9,34. Ou seja, se Gabrielli tivesse mantido ao menos 10% desse R$ 1,4 milhão em Petrobras (que seria R$ 140 mil), essa fatia teria reduzido para R$ 27 mil – uma perda de R$ 113 mil.

“Embora tenha dito à Justiça Federal que nada sabia sobre o esquema de corrupção na estatal, Gabrielli é um homem bem informado. Deve ter motivos para deixar menos de 0,01% dos seus investimentos na empresa que comandou”, disse Franco em coluna publicada nesta sexta-feira (16).

Gabrielli, o Investidor
Além da ínfima participação em Petrobras, Gabrielli ainda tem as ações de Ambev (ABEV3), Banco do Brasil (BBAS3), Cyrela (CYRE3), Embraer (EMBR3), Eternit (ETER3), Gafisa (GFSA3), Gerdau (GGBR4), Gol (GOLL4), Itaú (ITUB4), Lojas Americanas (LAME4), Natura (NATU3), Santander Brasil (SANB11), Usiminas (USIM5) e Vale (VALE3; VALE5).