Equatorial: saneamento e telecomunicações podem ser próximos alvos da melhor empresa da Bolsa

Modelo de gestão tem sido o diferencial da companhia em suas aquisições no setor de energia. Desafio será fazer o mesmo em outros setores

Letícia Toledo

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SÃO PAULO – Saneamento e telecomunicações podem ser os principais setores de crescimento da Equatorial Energia — a ganhadora do prêmio de Melhor Empresa da Bolsa em 2020. A visão é de Beatriz Fortunato, gestora da Studio Investimentos que investe na Equatorial.

De acordo com os cálculos da gestora, a partir de 2021, a companhia estará gerando um valor próximo a R$ 1,5 bilhão de caixa livre para fazer novos investimentos. “2021 é quando toda a operação de transmissão da companhia passa a ser operacional”, afirmou durante o painel do evento Melhores da Bolsa, realizado pelo InfoMoney e o StockPickers.

Apesar de não entrar em detalhes, Augusto Miranda, CEO da Equatorial, afirma que a companhia está “olhando diariamente as oportunidades de mercado”. “Uma coisa que norteia muito a Equatorial é a prudência. Se não tem bons negócios, não vamos fazer só por fazer”, afirmou durante o evento.

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A empresa hoje tem atuação focada na transmissão e distribuição de energia. Em setembro, a Equatorial chegou a participar do leilão de desestatização da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), que foi vencido pela BRK Ambiental. “O fato de não ganhar às vezes é um bom negócio”, disse.

Além do avanço nessas novas áreas, a companhia também pode expandir sua participação no segmento elétrico. Em teleconferência de divulgação de resultados na última semana, Miranda afirmou que a empresa analisa internamente se vai participar do leilão da distribuidora de energia da Companhia Energética de Brasília (CEB). O leilão está marcado para o dia 04 de dezembro.

Os segredos do sucesso até aqui

Questionado sobre o caminhado bem-sucedido trilhado pela companhia desde o seu IPO, em 2006, até aqui, Miranda afirma que a companhia tem três grandes destaques: seu modelo de gestão, a forte disciplina em alocação de capital e boas equipes.

“Dentro do modelo de gestão temos um forte alinhamento, ele é transparente, participativo que trabalha numa eficiência operacional”, afirmou. “Fazemos com que as regras do nosso negócio sejam conhecidas até o chão de fábrica, para que todos entendam como gerar valor para o negócio”, completou.

A companhia especializou-se nos últimos anos em adquirir concessões de distribuição de energia em dificuldades, em geral por preços simbólicos, para posterior recuperação das companhias. Miranda destaca que o modelo de gestão foi sendo incorporado e comprovado em cada uma das aquisições da companhia.

“Em 2012 a aquisição da Celpa [antiga Centrais Elétricas do Pará, na época uma companhia em recuperação judicial] veio corroborar que o modelo de gestão é acertado. Naquele momento tivemos que nos reinventar. Foi um momento mais crucial do que agora. A gente entendeu as funções corporativas e se fortaleceu”, disse.

Segundo o executivo, a entrada da companhia no segmento de transmissão, a partir de 2016, também foi recebida com espanto e ceticismo no mercado. “A ação da companhia chegou a afundar no dia em que demos o primeiro lance [nos leilões de transmissão realizados pela ANEEL]. E a gente conseguiu replicar o modelo de gestão”, afirmou.

Em 2018, a história se repetiria nas aquisições da distribuidora de energia do Piauí, hoje a Equatorial Piauí, e da distribuidora de Alagoas, hoje Equatorial Alagoas. “É essa equipe com oportunidade e engajamento que me leva a crer que na entrada de outros segmentos vamos ser tão eficientes quanto somos hoje”, ressaltou.

Beatriz Fortunato concorda que a qualidade das pessoas é um diferencial na empresa, que possui uma gestão com foco em metas e melhoria contínuo. “A qualidade do negócio também é boa por se tratar de um monopólio natural que tem uma regulação muito sólida e madura. As concessões [da Equatorial] estão posicionadas nos estados que mais crescem no Brasil e há vantagens qualitativas”, afirmou.

Riscos para o negócio

Para Fortunato, um dos principais riscos do negócio no curto prazo é que a regulação se torne mais rigoroso. No longo prazo, a gestora vê como potencial problema o fato de a Equatorial ser uma corporation — sem um dono definido — o que pode levar a um enfraquecimento da cultura em mudanças de diretoria. Outro ponto seria a disrupção eminente do setor com o avanço de geração distribuída de energia.

Miranda ressalta que a regulação de distribuição ainda é pautada muito por incentivos devido à importância do segmento para chegar à regiões mais difíceis. “Essas questões vem e voltam, mas o regulador tem uma consciência muito importante desse setor”, disse.

Sobre o fato de ser uma corporation, Miranda disse que foca muito em perpetuar sua cultura para preservar os negócios. “A questão da geração distribuída é uma realidade, o que eu acho é que você tem que entrar no jogo. A Equatorial tem movimentos nesse sentido e estamos monitorando os riscos”, afirmou.

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Letícia Toledo

Repórter especial do InfoMoney, cobre grandes empresas de capital aberto e fechado. É apresentadora e roteirista do podcast Do Zero ao Topo.