Dona do UFC e do Miss Universo desiste de IPO na véspera

A Endeavor, gigante de entretenimento, desistiu do IPO por medo de amargurar péssimos resultados. É a segunda desistência da empresa no ano

Allan Gavioli

Arena em luta de UFC

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SÃO PAULO – O mercado de IPOs sofreu outro golpe na última quinta-feira (26), quando a Endeavor Group Holdings Inc., uma agência de talentos e entretenimento, desistiu de realizar sua oferta pública de ações, que aconteceria nessa sexta-feira (27), mesmo tendo seu pedido aceito pela Securities and Exchange Commision (SEC). A Endeavor é mais uma grande desistência no mercado de IPOs desse ano, depois que a WeWork retirou sua oferta no início deste mês. É a segunda vez que a Endeavor freia seu IPO em 2019.

Dona do Miss Universo, do Ultimate Fighting Championship (UFC) e da maior agência de talentos de Hollywood, a companhia havia diminuído sua faixa de preço esperada e o número de ações que planejava vender para atrair mais investidores e evitar grandes perdas, mas a estratégia não funcionou.

A Endeavor já havia adiado seus planos de abertura de capital no início deste ano, pois queria divulgar resultados financeiros melhores e mais recentes, e também procurava finalizar a aquisição da On Location, o que ainda não ocorreu.

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A On Location, fundada pelas empresas de investimento RedBird Capital e Bruin Sports Capital e pelos proprietários da National Football League (NFL), tem acordos com mais de 150 detentores de direitos esportivos e de entretenimento, o que diversificaria a base de receita da Endeavor. Mesmo com essa aquisição não indo para frente, uma enxurrada de negócios foram feitos pela Endeavor

Em 2013, a empresa pagou US$ 2,4 bilhões pela agência de esportes e modelagem IMG Worldwide Inc. Essa aquisição expandiu significativamente a presença da empresa, mas também levou a empresa tradicional de representação de filmes e televisão a campos tão variados quanto tênis, desfiles de moda e até esportes do ensino médio. Depois, em 2015, a companhia comprou o Miss Universo de Donald Trump, um cliente de longa data, e ainda pagou US$ 4 bilhões em 2016 pelo UFC, sua maior aquisição até o momento.

Parte da razão pela qual a Endeavor cancelou o acordo, segundo o The Wall Street Journal, foi o fraco desempenho da Peloton, startup conhecida por suas bicicletas ergométricas e suas aulas de spin virtuais, em sua estréia. Os papeis da companhia chegaram a cair 4,62% no primeiro dia da negociação das ações. Nessa sexta-feira (27), a ação continua em queda (-1,04%), com uma cotação de US$ 24,80.

Peloton e outros péssimos começos afastaram a Endeavor do IPO

De acordo com a Dealogic, plataforma que oferece análise e conteúdo sobre mercado financeiro, a queda da Peloton foi o suficiente para que a companhia entrasse na lista das piores estreias na Bolsa de empresas que levantaram pelo menos US$ 500 milhões este ano.

E essa lista de péssimo começos possuem grandes nomes. As ações da SmileDirectClub Inc., que começaram a ser negociadas publicamente no início deste mês, caíram 28% em sua estreia. O outro fracasso no primeiro dia foi a Uber, cujas ações caíram 7,6% quando estrearam em maio. As duas empresas ainda negociam bem abaixo dos preços do IPO.

Assim como Uber e  SmileDirect, a Lyft também acumula um histórico complicado na Bolsa. As ações subiram inicialmente após a abertura do capital, mas caíram vertiginosamente desde então. No final de março, logo após o IPO, os papeis custavam US$ 87; nesta sexta, em dia estão saindo por US$ 42,44.

“Mesmo que seja uma boa empresa, um preço muito alto não é um bom investimento”, disse Jay Ritter, professor de finanças da Universidade da Flórida que acompanha IPOs, ao The Wall Street Journal.

Ainda assim, 2019 continua no ritmo de ser um grande ano para IPOs. As empresas que foram a público nos EUA levantaram US$ 52,7 bilhões até agora este ano, de acordo com a Dealogic. Isso é o valor mais alto desde 2014, quando foram levantados US$ 77 bilhões, sendo US$ 25 bilhões somente pelo Alibaba Group.

Uma gama de empresas notáveis abriram a negociação de ações a público este ano com bons resultados, como Levi Strauss, Pinterest e Beyond Meat. Entre os que podem chegar ao mercado em breve, está o Airbnb, que deve se tornar público em 2020.

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Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.