Elon Musk sofre revés da Anvisa dos EUA sobre implantes cerebrais

Órgão regulador norte-americano teria questionado Neuralink sobre alimentação do dispositivo e possíveis danos em eventual remoção

Wesley Santana

Empresas temem por novas políticas de moderação de conteúdo. Foto: Reuters

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A promessa de Elon Musk de que os implantes cerebrais da Neuralink seriam testados em humanos ainda em 2023 pode não ser cumprida. Isso porque, conforme revelou a Reuters, o FDA (Food and Drug Administration), equivalente à Anvisa nos Estados Unidos, rejeitou o pedido de autorização da empresa do bilionário dono da Tesla e do Twitter.

Segundo fontes ouvidas pela agência de notícias, o órgão regulador rejeitou o pedido de testes em humanos, ainda em 2022, alegando riscos de segurança. O FDA teria enviado à Neuralink diversos tópicos que deveriam ser respondidos antes da empresa começar uma nova etapa.

Um dos pontos levantados pela agência reguladora foi em relação à bateria de lítio que alimenta de energia o dispositivo e a possibilidade de pequenos fios do chip migrarem para outras áreas do cérebro. A Neuralink também foi questionada sobre como o equipamento pode ser removido sem danificar o tecido do cérebro, relataram fontes.

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A notícia da rejeição não havia sido revelada anteriormente, mas há indícios de que o processo teria ocorrido no ano passado. Mesmo assim, no final de novembro, Elon Musk fez uma transmissão virtual prometendo os testes em humanos em menos de seis -prazo que termina em abril. Funcionários envolvidos no processo se mostraram céticos de que isso possa realmente acontecer.

O FDA e a Neuralink não divulgaram oficialmente informações sobre o pedido de autorização para testes em humanos, nem o documento de rejeição. As empresas também não se manifestaram em relação ao assunto, alegando que existem leis que garantem sigilo a tramitações privadas.

Entenda o projeto de implante cerebral de Musk

Por meio da startup Neuralink, desde 2016, Elon Musk afirma estar desenvolvendo uma espécie de implante cerebral eletrônico. O objetivo é que o equipamento tenha capacidade de se comunicar com dispositivos externos, como celulares e computadores.

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Nesta primeira fase, a ideia é que o chip possa ajudar pessoas com deficiência, mas há planos de que, no futuro, vá muito além disso. Atualmente, a empresa está conduzindo testes em animais, e, nos últimos meses, sofreu várias acusações de práticas de maus tratos com os participantes.

A etapa em seres humanos foi prometida para 2023, mas ainda não há data para que isso ocorra. Em novembro, Musk fez uma live para dar mais detalhes sobre o projeto e do processo de autorização junto ao órgão regulador.

“Queremos ser extremamente cuidadosos e ter certeza de que funcionará bem antes de colocar um dispositivo em um ser humano. Submetemos a maior parte dos documentos ao FDA (Food and Drug Administration), e achamos que provavelmente em cerca de seis meses poderemos ter nosso primeiro Neuralink em um ser humano”, afirmou o empresário.