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SÃO PAULO – Embalada pelo entrada certa de Pedro Parente em seu Conselho de Administração, a ação da BRF (BRFS3) registra mais um dia de expressivos ganhos, acumulando alta de 23% em apenas cinco pregões.
Mas uma notícia pegou de surpresa os investidores na noite da última segunda-feira (23): a saída do CEO José Aurélio Drummond, que estava no cargo desde dezembro e presenciou grandes momentos de tensão com a disputa entre Abilio Diniz e os fundos de pensão, além da nova fase da Operação Carne Fraca em março fechar mais uma vez as portas para o mercado europeu.
A expectativa era de que, justamente com a entrada de Parente na BRF, Drummond teria dias mais tranquilos para fazer a gestão da empresa, o que claramente caiu por terra com a sua renúncia e trouxe à tona novamente mais incertezas sobre o futuro da companhia.
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“Detectamos uma crescente percepção no mercado de que o novo Conselho de Administração (a ser eleito na próxima quinta-feira, provavelmente com Pedro Parente como presidente) ajudaria a dar paz e tranquilidade à empresa e pôr fim às disputas entre diferentes grupos de acionistas. Essa percepção foi principalmente
apoiada pelo fato de que Drummond estava fazendo um bom trabalho liderando a empresa durante a crise e que o novo Conselho, pelo menos inicialmente, apoiaria alguma continuidade na gerência. O anúncio de ontem sugere que as incertezas não vão parar por aqui”, apontaram os analistas do BTG Pactual.
Segundo os analistas do banco, se a BRF estivesse em uma posição mais forte, não haveria tanta preocupação com a saída do CEO. “Mas os resultados e eventos recentes foram dramáticos e a nossa sensação é que outra rodada de mudanças gerenciais é a última coisa que a BRF precisa”, afirmam eles.
Porém, vale destacar que Drummond não teve o apoio total de todos os principais acionistas (sua nomeação pelo Conselho em novembro não era consensual) quando alçado ao cargo de CEO.
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Assim, a BRF poderia explorar a oportunidade de ter um novo e mais unificado Conselho de Administração e eleger um nome ainda mais ‘forte’ como CEO, ou alguém que realmente tem o total apoio dos acionistas e do mercado. Drummond era muito relacionado ao empresário Abilio Diniz e era visto como o nome dele para seguir ditando os rumos na companhia.
Desta forma, a saída de Drummond (a quinta saída de CEO em cinco anos) pode concretizar uma virada total de página para a companhia.
Contudo, o BTG ressalta que, até que se tenha clareza sobre isso, os analistas do banco continuam a ver a história da BRF como de alta alavancagem, fraco momento operacional e grande incerteza nas frentes de estratégia e execução, mantendo cautela e recomendação neutra para os ativos.
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De qualquer forma, sendo consenso ou não a escolha do novo CEO, a opção deve ser por algum nome com muita experiência no setor e que conheça muito bem a cadeia de frango, ressalta o analista da Eleven Financial Raul Grego.
O Credit Suisse destacou alguns nomes que já tinham sido mencionados no final do ano passado e que os analistas do banco suíço acreditam que tem maior possibilidade de assumir a posição. Dentre os três destacados para assumir o cargo estão Roberto Funari (atual vice-presidente da Reckitt Benckiser e que trabalhou na Unilever), José Antonio Fay (foi CEO da BRF entre 2008 e 2013 e é membro do Conselho da Camil, Macedo Alimentos e Supremo Cimentos) e João Castro Neves (foi CEO da unidade da América do Norte da AB Inbev).
As ações da BRF podem até não estarem sentindo tanto o impacto da saída de Drummond. Mas os desafios para a companhia estão longe de terminar – e o novo CEO terá um papel importante na definição de novos rumos para a empresa.
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