Cuidado, Embraer: hegemonia mundial da empresa pode estar ameaçada por novata japonesa

Segundo destaca a equipe de analistas do Credit Suisse, um novo competidor pode estar ganhando espaço contra a brasileira

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Com um desempenho positivo de 16% em 2015, quem olha para a Embraer (EMBR3) pode não ver muitos motivos para se preocupar. Umas das maiores companhias de aviação do mundo, e uma das maiores exportadoras do Brasil, seus negócios acabam sendo favorecidos com a disparada da moeda norte-americana, apesar do impacto negativo também pressionar. A companhia, terceira maior fabricante de aeronaves do mundo pode ter mais preocupações pela frente.

Segundo destaca a equipe de analistas do Credit Suisse, um novo competidor pode estar ganhando espaço contra a brasileira. Nesta semana da MRJ, subsidiária da Mitsubishi Heavy Industries, realizou seu primeiro voo de teste e foi um sucesso. “Apesar de ainda ser um competidor pequeno para a Embraer, acreditamos que vale monitorar”, disseram os analistas em relatório.

O teste da MRJ agora será entrar no mercado dos EUA, onde seu jato vai passar por um teste de 2.500 horas visando obter a certificação da FAA em 2017. Segundo a equipe do Credit, o book da MRJ tem 407 ordens, sendo 223 de ordens firmes e 184 de opções e direito de compra. A primeira entrega para All Nippon Airways está agendada para o segundo trimestre de 2017.

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Globalmente, a expectativa é que a japonesa vão consegui mais de 5 mil jatos regionais nos próximos 20 anos, competindo também com Bombardier, além da Embraer. A Bombardier não tem planos de desenvolver modelos sucessores para os existentes CRJ900 e CRJ700, que estão na mesma categoria do MRJ90 e MRJ70. Segundo o analista Shinji Kuroda, a Embraer está desenvolvendo o E175, que vai competir diretamente com o MRJ90, mas o lançamento é improvável que aconteça antes de 2020.

A Embraer fechou o terceiro trimestre com um prejuízo líquido atribuível a acionistas de R$ 387,7 milhões no terceiro trimestre ante resultado negativo um ano antes de R$ 24,3 milhões. Apesar do resultado, a companhia teve alta de 62% na receita líquida do período, para R$ 4,577 bilhões, ante R$ 5,36 bilhões esperados pelos analistas consultados pela Bloomberg.

Enquanto a geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) cresceu para R$ 570,3 milhões, ante R$ 311,3 milhões um ano antes. Os analistas de mercado consultados pela Bloomberg esperavam um Ebitda de R$ 698,2 milhões.

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O resultado da companhia foi afetado por um salto de 230% nas despesas com imposto de renda no período, para R$ 589,8 milhões. Segundo a empresa, o efeito da desvalorização do real frente ao dólar no trimestre aumentou a despesa de imposto e a contribuição social sobre itens não monetários.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.