Contax inicia nova fase na bolsa e vê liquidez dobrar em 1 ano

Diretor de RI espera que a migração das ações ON e PN para units tenha 100% de adesão dos acionistas e aumente liquidez dos papéis da empresa na Bovespa

Paula Barra

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SÃO PAULO – A Contax (CTAX11), companhia que nasceu como uma cisão do negócio de call center do grupo Oi (OIBR3; OIBR4) e abriu capital em 2005, inicia uma nova fase na bolsa paulista, com a adesão ao nível 2 de governança da BM&FBovespa, após uma reestruturação societária, que teve como um dos pontos principais a migração dos acionistas ordinários e preferenciais para “units”. 

Em entrevista exclusiva ao Portal InfoMoney, Marco Schroeder, diretor de relações com investidores da Contax, disse que a expectativa é que essa transição traga mais corpo nas negociações com os papéis. 

Consultores financeiros contratados pela Contax projetam que a liquidez do papel deva praticamente dobrar em doze meses com a conversão para units. A média dos últimos 21 pregões da ação CTAX4, mais negociada atualmente, é de R$ 1,4 milhão. 

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A operação agora está na sua fase final, com mais de 70% da base acionária tendo migrado para as units, com exceção do acionista controlador. “A data final da migração é dia 12 de junho e só depois disso teremos o resultado concreto dessa operação. Como muita gente deixa para o último dia, acreditamos que até lá teremos adesão da totalidade dos acionistas. Com isso, CTAX3 e CTAX4 tendem a negociar muito pouco, concentrando a liquidez em CTAX11”, disse. 

Segundo ele, a operação tem tudo para ser um sucesso. A empresa vê esse processo como uma evolução de governança para a base inteira de acionistas, além de uma forma de trazer mais investidores que gostavam do case da companhia mas não podiam comprar o papel. “Estavamos sendo muito penalizados, mas isso deve mudar agora”, disse.

De acordo com a resolução 3793 do Banco Central, as empresas que abriram capital depois de 2001 e não tenham níveis diferenciados de governança corporativa não podem ter investimento dos fundos de pensão, como Previ e Valia. “Essa evolução em termos de governança nos proporciona usar o mercado de capitais, com emissões de ações, por exemplo, para financiar possíveis investimentos”, disse Schroeder.

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Entre os analistas, há expectativa de uma futura migração para o Novo Mercado. Segundo o executivo, “eventualmente será o caminho a ser seguido, mas ainda não há nada no radar”.

A evolução dos direitos dos minoritários e a reorganização societária, por meio da qual a holding controladora é eliminada, é fruto de um diálogo com os principais acionistas fora do controle, as gestoras Credit Suisse Hedging-Griffo e Skopos – donas, respectivamente, de 20,3% e 15,1% da empresa. 

Na reorganização, as ações dos controladores tiveram prêmio de 25%, diluindo os minoritários em cerca de 10%. A fatia total nas mãos dos donos sobe 34% para 38,3% e a parcela com o mercado cai de 66%.  

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Ganho de musculatura
A Contax é hoje a maior companhia de call center do Brasil – com receita líquida de R$ 3,6 bilhões em 2012, e avaliada em R$ 1,42 bilhão. De acordo com Schroeder, a empresa tem ganhado musculatura e entregado resultado, mas ainda tem muito espaço para andar. 

No primeiro trimestre de 2013, o Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia cresceu 26,76%, indo para R$ 90 milhões, enquanto a margem Ebitda (Ebitda/Receita Líquida) avançou de 7,9% para 10,2%.

“Os negócios que adquirimos há dois anos já mostram um peso no nosso resultado. Em 2011, perdemos resultado por conta disso e a margem Ebitda caiu para 8%, contudo, o fim de 2012 mostrou recuperação, tendo sido confirmada neste início de ano”, disse. 

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Em 2011, a companhia gastou cerca de R$ 500 milhões com aquisições, o que para a Contax é praticamente um ano de Ebitda. No ano passado, a geração operacional de caixa foi de R$ 368 milhões.