Conheça a mesa de traders que disparou 42% na Bolsa após sair da recuperação judicial

A companhia, uma "prop trading", chegou ao mercado por meio da compra de 69,24% da antiga Inepar Telecomunicações, que estava em recuperação judicial

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após mais de um ano de brigas judiciais, a small cap Atompar (ATOM3) recebeu a notícia que tanto aguardava: a sua saída da recuperação judicial. Os papéis da empresa, com isso, dispararam 42,91% nesta quarta-feira (7) fechando cotados a R$ 3,93. O volume financeiro chamou bastante atenção, ficando mais de 30 vezes maior que o de costume, atingindo os R$ 3,623 milhões, contra média diária R$ 113,8 mil dos últimos 21 pregões.

“É com grande alegria que informamos que o resultado do julgamento na data de hoje foi unânime nos embargos interpostos pela Companhia, tendo como resultado a exclusão da Companhia do polo ativo da recuperação judicial do Grupo Inepar”, disse a empresa em comunicado ao mercado.

“Podemos afirmar que não faltaram esforços para que a data de hoje pudesse acontecer e assim como todos os acionistas estávamos ansiosos para tal resposta, e por esse motivo acreditamos ser de nossa obrigação esse comunicado, tranquilizando a todos que acompanharam o processo e seus entraves”, continua a companhia. A Atom ainda pediu para que os investidores aguardem pelos próximos comunicados, em que ela irá detalhar e atualizar sobre as consequência desta decisão, além do início das atividades da companhia e projetos para 2017.

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A companhia, uma proprietária trading firm ou “prop trading”, chegou ao mercado por meio da compra de 69,24% da antiga Inepar Telecomunicações, que estava em recuperação judicial. Com isso, a companhia “herdou” os problemas da antiga empresa e, mesmo conseguindo diversos pareceres favoráveis, o Santander (um dos credores da Inepar) travou o processo após um juiz em segunda instância acatar o pedido do banco e evitar a evolução do processo para saída da recuperação judicial.

No fim de agosto, o relator do caso, Enio Zuliani, publicou um despacho pedindo para que o Santander se pronunciasse se concorda em desistir do recurso que trava o processo da Atompar em um prazo de 5 dias. Caso o banco aceite, a companhia estará livre da situação de recuperação judicial e poderá encaminhar seus planos para o mercado.

No início deste semestre, durante a divulgação de seu balanço do segundo trimestre, a companhia chegou a culpar a si mesma pelos problemas com a recuperação judicial. “Quando compramos a Companhia, talvez nós não tenhamos imaginado que seria essa a parte mais difícil de todo o processo de construção do nosso negócio […] A culpa é nossa por não saber entender o quanto pode ser lento, ineficiente e errático um processo judicial”, disse a Atompar.

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Em setembro de 2015, a Bovespa abriu as portas para a Atompar tornar-se a primeira “prop trading” (que na prática seria um grupo de traders que operam o dinheiro da empresa no mercado financeiro) com ações listadas no mercado brasileiro. Porém, desde então a companhia lutou para “limpar” sua situação, que até agora impediu a evolução de seus projetos de trabalho.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.