CNA contesta fala de presidente da Apex na China sobre questão ambiental no Brasil

João Martins, da CNA, viu com "preocupação" o posicionamento de Jorge Viana, da Apex, que "relacionou problemas ambientais com a produção agropecuária"

Reuters

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SÃO PAULO (Reuters) – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) protocolou nesta quarta-feira ofício ao governo brasileiro contestando uma fala do presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Jorge Viana, sobre desmatamento no Brasil durante missão oficial na China.

Em documento encaminhado ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, o presidente da CNA, João Martins, afirmou que viu com “preocupação” o posicionamento de Viana durante seminário em Pequim, onde ele “relacionou problemas ambientais com a produção agropecuária nacional”.

“A manifestação da Apex-Brasil, desabonando o setor (do agronegócio) que contribuiu, no último ano, com 47% das exportações brasileiras, soa, no mínimo, como um contrassenso aos objetivos da entidade”, afirmou Martins.

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A crítica de Martins pode sinalizar que o governo segue com dificuldades para lidar com lideranças importantes do agronegócio, setor que em sua maioria apoiou o então candidato à reeleição Jair Bolsonaro na eleição do ano passado contra o agora presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente da CNA, que durante evento da entidade antes das eleições disse abertamente que preferia uma vitória de Bolsonaro, afirmou também no ofício desta quarta-feira que a agropecuária tem aumentado sua produtividade baseada em práticas sustentáveis de produção.

Viana afirmou, segundo o jornal O Estado de S.Paulo, que os brasileiros deveriam “parar de dizer fora do Brasil que o Brasil não tem problema ambiental”, em referência ao desmatamento.

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O setor agrícola tem avançado nos últimos anos em áreas que foram desmatadas no passado, muitas vezes em terras abertas há décadas e hoje consideradas pastagens degradadas. Há, inclusive, planos dentro do governo para incentivar o uso pela agricultura dessas áreas, que somam dezenas de milhões de hectares, o que evitaria novos desmatamentos.

Mas também há no país desflorestamentos, especialmente em novas fronteiras agrícolas, já que a legislação brasileira permite ao produtor rural o uso das parcelas das fazendas que não são reserva legal.

Viana, ex-governador do Acre e engenheiro florestal, disse em entrevista transmitida pela Band de Pequim que apenas fez um histórico de desmatamentos dos últimos 50 anos, e que foi mal compreendido.

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“Lamento mal entendidos como este, é obvio que o Brasil vai seguir no governo do presidente Lula com movimento de crescimento do agronegócio brasileiro”, afirmou.

(Por Roberto Samora, em São Paulo)

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