CEO da Dotz: “Em 2023, ao longo do segundo semestre, vamos voltar a dar lucro”

Ao InfoMoney, Roberto Chade contou como a empresa investiu para se transformar de companhia de fidelidade em plataforma de engajamento omnichannel

Anderson Figo

A Dotz (DOTZ3) registrou prejuízo de R$ 30,5 milhões no quarto trimestre de 2022, um aumento de 25% em relação ao mesmo período do ano anterior. A perda já era esperada, segundo Roberto Chade, CEO da marca, uma vez que nos últimos 18 meses a companhia investiu pesado para se transformar de uma empresa de fidelidade em uma plataforma de engajamento omnichannel. Ao InfoMoney, o executivo disse que a Dotz deve voltar a dar lucro na segunda metade de 2023.

“A gente fez uma transformação, uma evolução muito grande do nosso negócio, de uma companhia focada em programa de fidelidade para uma plataforma de engajamento de consumidores. Tem o programa de fidelidade, tem o super aplicativo com conta digital e toda a parte de serviços financeiros. Essa evolução exigiu ao longo dos últimos 18 meses um volume de investimentos importante. É exatamente por esse motivo até que nós abrimos capital. Foi um período de investimento 100% planejado”, disse Chade.

Ele participou do Por Dentro dos Resultados, projeto no qual o InfoMoney entrevista CEOs e diretores de importantes companhias de capital aberto, no Brasil ou no exterior. Os executivos falam sobre o balanço do quarto trimestre e ano fechado de 2022 e sobre perspectivas. Para acompanhar todas as entrevistas da série, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.

“Grande parte das empresas de tecnologia do Brasil, se não todas, tem o desafio de custo de aquisição de clientes, de trazer novos clientes para o ecossistema. Nós não temos isso. A gente adquire 150.000, 200.000, 300.000 novos clientes por mês vindos das operações de loyalty [fidelidade] que nós fazemos. Mas a grande receita desse usuário vem quando ele aumenta o engajamento conosco. Nós precisávamos construir as peças. Em 2020, nós não tínhamos um super aplicativo com conta digital, hoje nós temos. (…) Nós não tínhamos a oferta de serviços financeiros, hoje temos empréstimo pessoal”, continuou.

Para poder oferecer serviços financeiros, a Dotz comprou, em abril de 2022, a fintech de crédito Noverde, por R$ 49 milhões. “O resultado dos últimos 18 meses foi 100% planejado no sentido de construir o que chamamos de a nova Dotz. Hoje, com todas essas entregas realizadas, crescimento do top line [receita], com margem bruta estável, uma posição de caixa saudável, e alguns movimentos que fizemos ao longo dos últimos meses também fazem com que em 2023, ao longo do segundo semestre, a gente retome o breakeven [ponto de equilíbrio, quando o retorno financeiro da operação cobre os custos]. Sempre foi uma característica da Dotz. Ao longo dos nossos mais de 20 anos, nós sempre demos resultado, sempre fomos uma companhia geradora de caixa e geradora de resultado operacional positivo”, afirmou.

Chade falou ainda sobre essa transformação da Dotz ter aumentado o potencial de geração de receita por usuário da companhia, bem como sobre a manutenção dos investimentos para este ano na ordem de R$ 30 milhões e sobre uma readequação do nível de despesas operacionais. “Temos sim uma redução em relação ao SG&A [despesas administrativas, de vendas e gerais]. A combinação de um SG&A mais em linha e mais otimizado, em conjunto com o aumento do top line,  obviamente isso faz a geração de resultado”, disse o CEO.

Sobre concorrência, o executivo destacou que a companhia tem um diferencial competitivo de oferecer vários serviços numa única plataforma, com mais de 50 milhões de clientes. “A gente está dando ao varejista agora não só um programa de loyalty, mas uma oferta de crédito para ele dar ao cliente dele”, afirmou. Chade falou ainda sobre riscos, sobre novas parcerias, dividendos e sobre a busca por desenvolvedores. Veja a entrevista completa no player acima, ou clique aqui.

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.