Bradesco perde R$ 7 bi nos 15 minutos após a notícia do dia; veja a reação em uma imagem

Papéis do banco chegaram a cair 7,33% após a notícia do indiciamento de Luiz Carlos Trabuco no âmbito da Operação Zelotes

Lara Rizério

Luiz Carlos Trabuco, presidente do Conselho do Bradesco

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SÃO PAULO – As ações do Bradesco (BBDC3;BBDC4) sofreram um forte baque na sessão desta terça-feira (31), em meio à divulgação da notícia pelo jornal O Estado de S. Paulo de que o presidente da instituição, Luiz Carlos Trabuco Cappi, foi indiciado pela Polícia Federal no âmbito da Operação Zelotes, que investiga compra de decisões no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). Além dele, outros dois executivos do banco foram indiciados. 

A notícia caiu como uma “bomba” para os papéis da empresa e, nos quinze minutos seguintes à divulgação da notícia, às 15h02 (horário de Brasília), os papéis PN do Bradesco passaram de R$ 23,60 para R$ 22,23 e os ativos ON caíram de R$ 25,15 para R$ 23,96. Isso levou a uma perda de valor de mercado de R$ 7,108 bilhões apenas nesse período. Deste total, R$ 3,304 bilhões foram correspondentes à queda das ações ON e R$ 3,804 bilhões à queda dos papéis BBDC4.

Após atingirem uma mínima de 5,78% na sessão, os papéis diminuíram as perdas e fecharam em queda de 3,69%, a R$ 24,51. Já os ativos BBDC4, que chegaram a cair 7,33%, fecharam o dia com desvalorização de 5%, R$ 22,80. Desde a notícia até o fechamento, os papéis perderam R$ 4 bilhões em valor de mercado, valendo R$ 131,4 bilhões. 

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O CEO do Bradesco e mais nove pessoas foram indiciados por crimes de tráfico de influência, corrupção ativa, corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, os outros dois executivos do banco alvos de indiciamento são o diretor vice-presidente Domingos Figueiredo de Abreu e o diretor gerente e de relações com investidores Luiz Carlos Angelotti. 

As investigações mostraram que o grupo investigado por corromper integrantes do Carf conversou com executivos do banco a respeito de um “contrato” para anular um débito de R$ 3 bi com a Receita Federal. A PF já havia apontado em relatório que Trabuco e os outros dois executivos da instituição financeira se encontraram com emissários da organização criminosa para discutir como seria a atuação do órgão. A PF também indiciou o auditor da Receita Federal Eduardo Cerqueira Leite, que teria articulado a reunião entre os integrantes do esquema e o comando do banco. Além deles, a PF também indiciou o auditor da Receita Federal Eduardo Cerqueira Leite. 

Caberá agora aos procuradores do Ministério Público analisarem o relatório da PF e decidirem se oferecem denúncia contra Trabuco à Justiça. 

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A assessoria de imprensa do Bradesco informou, por meio de nota, que não houve contratação dos serviços oferecido pelo grupo investigado. “Acrescenta que foi derrotado por seis votos a zero no julgamento do Carf. O Bradesco esclarece ainda que o presidente da instituição, Luiz Carlos Trabuco Cappi, não participou de qualquer reunião com o grupo citado. O mérito do julgamento se refere a ação vencida pelo Bradesco em todas as instâncias da Justiça, em questionamento à cobrança de adicional de PIS/Cofins. Esta ação foi objeto de recurso pela Procuradoria da Fazenda no âmbito do Carf. O Bradesco irá apresentar seus argumentos juridicamente por meio do seu corpo de advogados”.

Confira o gráfico que mostra a derrocada das ações preferenciais do Bradesco nesta sessão: 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.