Bob Iger volta ao comando da Disney (DISB34) menos de um ano após se aposentar

O retorno de Iger coincide com a tentativa da empresa de aumentar a confiança dos investidores e voltar seu foco ao negócio de streaming

Mariana Amaro

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Bob Iger, executivo volta para a Walt Disney menos de um ano após se aposentar (Foto: REUTERS/Hannah McKay)

O ‘final feliz’ na aposentadoria de Bob Iger durou pouco. Em uma decisão do conselho de administração da Disney (DISB34), o executivo que ocupava a presidência do Conselho de Administração até dezembro de 2021 voltou ao comando da empresa menos de um ano após anunciar sua aposentadoria.

O retorno de Iger, aos 71 anos, coincide com a tentativa da gigante de entretenimento de aumentar a confiança dos investidores e voltar seu foco ao negócio de streaming. Até o momento, a tática parece ter funcionado: os papeis da empresa tiveram uma alta de 8,2% nas negociações pré-mercado nos Estados Unidos nesta segunda-feira (21). Uma melhora significativa diante do atual cenário: somente neste ano, os papéis cederam mais de 40%, enquanto o Índice Dow Jones caiu quase 7% no mesmo período.

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Em comunicado, a presidente do conselho, Susan Arnold afirmou que Iger terá dois anos à frente da companhia com efeito imediato e explicou a escolha pela mudança. “O conselho concluiu que, à medida que a Disney embarca em um momento cada vez mais complexo de transformação da indústria, Bob Iger está em uma posição única para liderar a empresa nesse período crucial”, escreveu.

O executivo chega, agora, em uma companhia muito diferente daquela que deixou. Durante sua gestão – que soma 15 anos no cargo de presidente-executivo a outros dois no conselho –, a empresa chegou liderar a batalha contra a rival, Netflix, e fez várias aquisições importantes, incluindo Pixar Animation Studios, Lucasfilms, Marvel Entertainment e 21st Century Fox, o que aumentou seu valor de mercado em cinco vezes.

“Estou extremamente otimista com o futuro desta grande empresa e emocionado com o convite do Conselho para retornar como seu CEO”, disse Iger. “A Disney e suas incomparáveis ​​marcas e franquias ocupam um lugar especial no coração de tantas pessoas ao redor do mundo, principalmente no coração de nossos funcionários, cuja dedicação a esta empresa e sua missão é uma inspiração”, afirmou, em comunicado.

Surpresa para a equipe

O novo presidente substitui outro Bob, o Chapek, que assumiu a posição em um dos momentos mais complicados para a empresa: em fevereiro de 2020, logo após a pandemia ser declarada. A crise sanitária levou ao fechamento de parques e restrições aos visitantes em todo o mundo e colocou o modelo de negócio da empresa à prova.

A mudança no comando pegou os funcionários de surpresa, segundo fontes, mas a saída de Chapek era costurada há alguns meses e pedida por investidores. Em agosto, por exemplo, o investidor ativista Daniel Loeb começou a pressionar por mudanças na Disney, incluindo a separação da rede de televisão esportiva ESPN.

Chapek também ganhou antipatia dos funcionários por permanecer em silêncio sobre a legislação do Estado norte-americano da Flórida que limita a discussão em sala de aula sobre orientação sexual e identidade de gênero e, depois de quase 30 anos na companhia, renunciou ao cargo. “Agradecemos a Bob Chapek por seus serviços prestados à Disney ao longo de sua longa carreira, incluindo a condução da empresa nos desafios sem precedentes da pandemia”, disse Arnold, em comunicado.

Ao descrever o recém-chegado, Arnold ressaltou a aprovação da equipe. “Iger tem o profundo respeito da equipe de liderança sênior da Disney, com a maioria dos quais trabalhou de perto até sua saída como chairman há 11 meses, e é muito admirado pelos funcionários da Disney em todo o mundo – tudo o que permitirá uma transição perfeita de liderança”, escreveu Arnald.

Iger, por sua vez, afirmou estar “profundamente honrado por ser convidado a liderar novamente esta equipe notável, com uma missão clara focada na excelência criativa para inspirar gerações por meio de narrativas ousadas e inigualáveis”.

Disney+

O negócio de streaming teve prejuízo de quase US$ 1,5 bilhão no último trimestre, mais que o dobro da perda registrada um ano antes, ofuscando os ganhos de assinantes. E pior: a unidade, que concorre com empresas como a Netflix, ainda não conseguiu alcançar o lucro desde seu lançamento, em 2019. O plano, agora, é que a Disney+ chegue no breakeven no ano fiscal de 2024.

No seu retorno à Disney, Iger será encarregado de “colocar a Disney no caminho para um crescimento renovado” e trabalhar com o conselho para identificar um sucessor, disse a empresa.

Mariana Amaro

Editora de Negócios do InfoMoney e apresentadora do podcast Do Zero ao Topo. Cobre negócios e inovação.