Bill Gates alertou Trump em 2016 sobre possibilidade de pandemia, aponta WSJ

Gates discutiu os perigos que novas doenças infecciosas poderiam trazer para a sociedade

Allan Gavioli

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SÃO PAULO – Bill Gates, bilionário e cofundador da Microsoft, teria alertado o presidente dos EUA, Donald Trump, sobre perigos e problemas que o país enfrentaria com uma pandemia ainda em 2016. Segundo informações do The Wall Street Journal, Gates se reuniu com Trump e outros então candidatos à presidência e trouxe o assunto à tona.

Conversando com o então eleito presidente, em dezembro de 2016, na Trump Tower, Gates teria discutido os perigos que novas doenças infecciosas poderiam trazer para nossa sociedade e reforçou que Trump deveria priorizar os esforços de preparação dos EUA para um cenário de pandemia.

“Gostaria de ter feito mais para chamar a atenção para o perigo”, disse o cofundador da Microsoft ao WSJ. “Me sinto horrível”, acrescentou. “O ponto principal de falar sobre isso era que poderíamos agir mais rápido para minimizar os danos”.

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Em março, Gates disse que os EUA “não agiram rápido o suficiente” em sua resposta à pandemia, já que o país evitou ao máximo tomar medidas como fechar negócios e emitir ordens para que milhões de americanos ficassem em suas casas. Segundo o último balanço, o país tem mais de 1,3 milhão de casos confirmados e cerca de 80 mil mortes pelo novo coronavírus.

Gates, que possui um patrimônio de aproximadamente US$ 106 bilhões, de acordo com a Forbes, concentrou quase toda sua energia – e boa parte do seu dinheiro – à saúde pública desde que anunciou em março que deixaria o conselho de administração da Microsoft e da Berkshire Hathaway para se concentrar na filantropia.

No final de abril, a Fundação Bill & Melinda Gates anunciou que doaria US$ 150 milhões adicionais para combater a Covid-19, elevando sua contribuição total para US$ 250 milhões. Alguns dos recursos serão destinados à Organização Mundial da Saúde (OMS), alvo frequente das críticas de Trump.

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Após a decisão do presidente Trump de suspender o financiamento à OMS, Gates criticou a ação, dizendo que “é tão perigoso quanto parece”.

Os comentários críticos de Gates, bem como suas conhecidas opiniões sobre os perigos de uma pandemia global, chegaram a colocá-lo na mira de teóricos da conspiração – alguns dos quais fizeram alegações de que ele estaria tentando lucrar com a pandemia ou que ele sabia sobre o novo coronavírus anos antes de ele aparecer.

“Estou investindo centenas de milhões do dinheiro da fundação nisso”, disse Gates ao WJS. “Mas é realmente uma coisa governamental, assim como o orçamento de defesa existe para ajudar com um surto de guerra”.

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Enquanto Gates diz que muitos dos líderes mundiais com quem falou sobre os perigos de um surto viral em larga escala simpatizaram com seu argumento, ele ainda desejou ter sido capaz de convencê-los a agir mais cedo e implementar planos estratégicos para acelerar o desenvolvimento de tratamentos e vacinas em caso de pandemia.

“Gostaria que os avisos que eu e outras pessoas tivéssemos tivessem levado a uma ação global mais coordenada”, disse ele ao WJS.

Gates, por fim, acrescentou: “Minha esperança agora é que líderes em todo o mundo, responsáveis ​​por proteger seus cidadãos, tomem o que foi aprendido com essa tragédia e invistam em sistemas para evitar futuros surtos”.

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Esforço contínuo pela saúde

Gates vem alertando as pessoas há anos sobre a ameaça representada por doenças infecciosas, chamando os surtos de uma ameaça maior para a humanidade atual do que uma guerra nuclear.

Durante uma conferência do Ted Talk de 2015, Gates disse que os vírus representam o “maior risco de catástrofe global” em relação a outras ameaças.

“Se alguma coisa matar mais de 10 milhões de pessoas nas próximas décadas, é mais provável que seja um vírus altamente infeccioso do que uma guerra. Não mísseis, mas micróbios”, disse Gates durante a conversa, acrescentando que os países gastaram quantias enormes de dinheiro para evitar a guerra nuclear, mas quase nada em “sistemas para combater epidemias”.

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Gates ainda disse que a perspectiva de uma epidemia global foi ignorada pelos governos, mesmo após os recentes surtos do vírus Ebola. O ebola matou mais de 11.000 pessoas na África Ocidental entre 2013 e 2016, principalmente na Guiné, Libéria e Serra Leoa.

Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.