Airbus promete entregas mais rápidas no final do ano após primeiro trimestre fraco

Atrasos de fornecedores exauriu o lucro e os fluxos de caixa da companhia, já que ela reconhece receita apenas quando um avião é entregue

Bloomberg

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(Bloomberg) — A Airbus SE prometeu reverter seu ritmo lento de entregas de aeronaves no segundo semestre de 2023, depois que a produção fraca pesou sobre o lucro e as vendas no primeiro trimestre deste ano.

A maior fabricante de aeronaves comerciais do mundo disse que os últimos quatro meses de 2023 seriam mais fortes, já que a Airbus segue seu padrão típico de produzir um número muito maior de jatos na reta final do exercício.

Em uma teleconferência com jornalistas após divulgar o balanço da companhia, o CEO Guillaume Faury reiterou sua meta de entregar 720 unidades este ano, alertando que o ritmo de entregas seria “significativamente” menor no primeiro semestre do que no segundo.

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A Airbus alertou sobre problemas persistentes com sua cadeia de suprimentos que criam “desafios para rolar a bola para a frente na velocidade que queremos”, de acordo com Faury. Além da falta de mão de obra qualificada e peças, a empresa também foi forçada a lidar com falhas em alguns de seus motores de aeronaves mais avançados, incluindo as unidades Pratt & Whitney que alimentam o A320 e os jatos menores A220 de corredor único.

Faury disse que a Airbus está “monitorando de perto” os problemas na unidade Geared Turbo Fan da Pratt. A Deutsche Lufthansa AG disse nesta quarta-feira (3) que um terço de sua frota de A220 em Zurique está paralisada devido a problemas no motor.

Isso está se somando a um coro crescente de companhias aéreas reclamando de interrupções maiores do que o normal em suas frotas, no momento em que o setor aéreo se prepara para um verão com muitas pessoas viajando, ou seja, com alta demanda por voos.

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A Airbus relatou uma queda no lucro e nas vendas do primeiro trimestre de 2023 em meio aos problemas de abastecimento. O lucro ajustado antes de juros e impostos caiu para € 773 milhões (US$ 854 milhões), de € 1,26 bilhão nos primeiros três meses de 2022. As vendas caíram de € 12 bilhões para € 11,8 bilhões.

A empresa manteve suas metas para o ano inteiro de fluxo de caixa e entregas de aeronaves, mas adiou a data de entrada em serviço de sua versão cargueira A350 para 2026, que Faury frisou que foi uma alteração de apenas “alguns meses”.

Problemas com Fornecedores

A Airbus tem lutado para atender à crescente demanda por aeronaves à medida que as viagens se recuperam da pandemia de Covid-19.

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Os fornecedores que lidam com o impacto residual da crise global da saúde ainda estão com falta de trabalhadores e não conseguem atender à demanda por componentes que variam de assentos a semicondutores e matérias-primas. Isso exauriu o lucro e os fluxos de caixa, porque a Airbus reconhece a receita apenas quando um avião é entregue.

“Continuamos a enfrentar um ambiente operacional adverso que inclui, em particular, tensões persistentes na cadeia de suprimentos”, disse o CEO em comunicado. “Continuamos focados em entregar o ramp-up de aeronaves comerciais e a transformação de longo prazo.”

Os movimentos cambiais também reduziram os lucros. A Airbus recebe receitas em dólares, que vêm caindo em relação ao euro, moeda que compõe a maior parte de suas despesas. A Airbus disse que assumiu um encargo de € 360 milhões relacionado a uma incompatibilidade nos pagamentos pré-entrega em dólares e uma reavaliação de seu balanço.

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A empresa teve fluxo de caixa livre negativo de cerca de € 889 milhões, em comparação com fluxo de caixa livre positivo de € 213 milhões no ano anterior, que atribuiu ao acúmulo de estoque enquanto se prepara para aumentar a produção.

Entregas de abril

As entregas totalizaram 127 aviões no primeiro trimestre, uma queda de 9% em relação ao ano anterior, deixando a Airbus atrás da Boeing Co. pela primeira vez em quase cinco anos.

A Bloomberg informou nesta quarta-feira (3) que as entregas da Airbus caíram para cerca de 55 jatos em abril em relação a março. A empresa não forneceu um número para as entregas de abril na divulgação de resultados.

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As restrições de oferta podem durar até o final de 2024 ou mesmo em 2025, pressionando o ambicioso aumento de produção da família A320neo da fabricante de aviões para 75 por mês até 2026.

Em janeiro, a Airbus, com sede em Toulouse, na França, previu um aumento de cerca de 7% nos lucros ajustados antes de juros e impostos, para € 6 bilhões em todo o ano de 2023.

Ela espera que o fluxo de caixa livre antes de alguns itens caia para € 3 bilhões, de € 4,7 bilhões.