Administradores da RJ da Americanas (AMER3) apontam dívida R$ 6,7 bi maior; varejista nega

Escritórios indicaram inconsistências na lista de credores da companhia, o que poderia jogar o endividamento da empresa para R$ 47,9 bilhões

Rikardy Tooge Lucas Sampaio

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Os administradores da recuperação judicial da Americanas (AMER3) apontaram inconsistências na lista de credores da varejista, o que poderia aumentar o endividamento da empresa em R$ 6,7 bilhões, chegando a R$ 47,9 bilhões. No entanto, a Americanas refuta o argumento e diz que foram considerados valores duplicados para chegar a este cálculo.

Em relatório enviado à Justiça do Rio de Janeiro, os escritórios Zveiter e Preserva Ação, escolhidos pelo judiciário como os responsáveis pela RJ, indicaram que, ao consolidar os dados de endividamento da Americanas, totalizaram uma dívida de R$ 47,9 bilhões, acima dos R$ 41,2 bilhões que a varejista afirmou ter em dívidas.

A Americanas respondeu aos administradores que a diferença de R$ 6,7 bilhões se refere a uma emissão de debêntures pela Americana S.A. para a JSM Global e B2W Digital, empresas que fazem parte do grupo e que também estão em recuperação judicial.

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“As debêntures foram emitidas intragrupo apenas para criar um canal de transferência de recursos da Americanas S.A para as recuperandas estrangeiras, visando ao pagamento dos Bonds (as debêntures “espelham” os bonds)”, argumentou a Americana.

“Ao considerar o endividamento consolidado das recuperandas, esse valor deve ser expurgado, sob pena de duplicidade. Há apenas uma dívida, decorrente da emissão dos bonds, e um canal intragrupo para remessa de recursos para o pagamento daquela dívida”, acrescentou.

Após a resposta, os administradores judiciais disseram que vão verificar os argumentos apresentados para a empresa para ver se realmente o valor de R$ 6,7 deverá ser desconsiderado da lista de dívidas.

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Para Gabriel de Britto Silva, diretor jurídico do Instituto Brasileiro de Cidadania (Ibraci), o caso é mais um capítulo negativo para a Americanas e reforça a necessidade de punição aos administradores da empresa. O Ibraci ajuizou uma ação civil pública contra a varejista pelo escândalo contábil, mas ainda não foi julgada.

“É estarrecedor como a cada momento o rombo é aprofundado e os valores envolvidos aumentam. Os valores envolvidos mostram-se sem precedentes e dificilmente se mostrará viável um desfecho exitoso para a recuperação judicial iniciada”, completou o advogado.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br