Ação da Mangels dispara 26% com volume 20 vezes maior; empresa desconhece motivo

Entre as notícias que favorecem a companhia está um novo acordo automotivo entre Brasil e Argentina; assessoria diz que plano de recuperação está próximo de ser votado

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Em recuperação judicial e com pouca liquidez, as ações da Mangels (MGEL4) chamaram atenção no pregão desta terça-feira (10) ao dispararem 24,44%, a R$ 0,56 – atingindo na máxima do dia ganhos de 26,67%. O volume financeiro movimentado também foi destaque, ficando 22 vezes maior que sua média dos últimos 21 pregões, atingindo R$ 216,3 mil contra média de R$ 9,5 mil.

Apesar de nenhuma notícia específica sobre a empresa e que pudesse justificar a alta ter sido publicada, o analista Luis Gustavo Pereira, da Guide Investimentos, destaca a notícia de um novo acordo automotivo entre Brasil e Argentina. “A notícia não deixa de ser positiva para a empresa, mas sozinha não seria suficiente para a alta de 20%”, afirma o analista. “Este é um papel de pouca liquidez e um fluxo de negócios pode acabar levando a uma grande oscilação dos ativos”, completa.

Segundo notícia do Valor Econômico, a presidente Dilma já teria aprovado o acordo entre os dois países por um ano, entrando em vigor em 1 de julho. Com isso, a cada US$ 1 milhão em automóveis comprados da Argentina, o Brasil poderá exportar até US$ 1,5 milhão para o país vizinho, isento de tarifa.

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De acordo com a matéria, a condição do governo brasileiro para aceitar a volta deste regime, conhecido como “flex”, foi o compromisso argentino de não mais usar as “declarações juradas de importação” para frear de modo discricionário compras de outros países.

Procurada, a assessoria da Mangels disse que não tem nada a declarar sobre o assunto, ressaltando apenas que a companhia segue aguardando a aprovação de seu plano de recuperação judicial, que segundo a assessoria da companhia está próximo de ser votado. Vale destacar que de abril até ontem, os papéis da companhia praticamente não saíram do lugar, variando entre R$ 0,40 e R$ 0,47.

Conselho comprando ações
Ontem, a Mangels divulgou sua posição consolidada do mês de maio, mostrando que seu conselho de administração comprou 400.000 ações preferenciais da companhia, passando de 6.450 papéis para 406.450. Com isso, a participação do conselho no capital da empresa passou de 0% para 2,34%, sendo que em ações preferenciais a representação chega a 3,65%.

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Enquanto isso, o conselho fiscal da empresa adquiriu 534.239 ações, passando a deter 4,79% de papéis preferenciais e 3,08% do capital total da companhia.

Recuperação judicial
A Mangels pediu recuperação judicial no dia 1 de novembro do ano passado, citando sua incapacidade de pagar suas dívidas. Antes do anúncio, os papéis da empresa chegaram a registrar altas de até 300% entre julho e setembro, atingindo R$ 1,54 – em um movimento de euforia, na expectativa de que a empresa evitaria o pedido de recuperação.

“Não obstante os esforços da administração junto a credores na busca por alternativas para o equacionamento da difícil situação econômico-financeira pela qual passa a companhia, o pedido de recuperação judicial tornou-se inevitável”, afirmou a companhia no comunicado na época, admitindo dívidas de R$ 313 milhões.

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A Mangels, que tem origens no final da década de 1920, é tradicional fornecedora para os segmentos de autopeças, incluindo rodas de alumínio, e cilindros de aço para GLP (gás liquefeito de petróleo).

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.