99% de alta em 1 minuto: a ordem de R$ 25 milhões do Itaú que fez tremer a ação da Oi

Após a recuperação judicial, a empresa tem virado alvo de interesse de investidores que estariam dispostos a comprá-la, como é o caso do bilionário egípcio Naguib Sawiris

Thiago Salomão

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SÃO PAULO – Uma ordem de quase R$ 25 milhões da corretora do Itaú fez tremer as ações ordinárias da Oi (OIBR3) perto do fechamento do pregão desta quinta-feira (23). Os papéis, que eram cotados a R$ 1,49 às 15h45 (horário de Brasília) deram um salto de 71% após saírem de um leilão de uma hora e sete minutos na Bovespa. Na máxima do dia, os papéis chegaram a subir 99,22%, a R$ 2,55. 

Operadores de mercado não encontraram motivo para a disparada, além do movimento técnico: a ordem enviada pela corretora do Itaú de 9,722 milhões de ações OIBR3 ao preço de R$ 2,55 (71% acima do preço que era cotada naquele momento na Bovespa), representando um volume financeiro de R$ 24,8 milhões. Do lado vendedor, a ordem foi praticamente ‘engolida’ pelo Morgan Stanley, que intermediou 85% das vendas realizadas em Oi aquele preço. A corretora do Morgan vendeu um total de praticamente 8 milhões de ações. 

Às 16h52, quando a Oi saiu do leilão na Bovespa, os papéis ordinários da operadora de telefonia registravam alta de 99,22%, cotados a R$ 2,55. No entanto, depois de um minuto, voltaram a entrar em leilão, mas desta vez para sair com alta de “apenas” 35,94%, a R$ 1,74. 

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Não há uma explicação muito concreta para isso, mas surgiu uma boleta muito alta de Itaú com Morgan, e como o papel já estava quase escasso no BTC para montar posições vendidas, isso pode ter motivado essa forte disparada, comentou Guilherme Belloni, operador da mesa de BTC da XP Investimentos. Vale mencionar que essa escassez de OIBR3 no BTC provocou inclusive fechamentos de operações de venda a seco, pois muitos investidores montaram posições vendidas no começo da semana e não conseguiram tomar alugado o papel antes do prazo de dois pregões, que é o limite que ele precisa alugar a ação para cobrir sua operação de venda. 

No mercado de “short position”, você precisa alugar a ação no BTC para depois vendê-lo ao mercado, para posteriormente comprar a ação e devolver ao locatário. No entanto, muitos investidores montam posições vendidas sem tomar o papel alugado (as famosas “vendas a seco”), e eles têm prazo de 2 pregões para tomar essa ação alugada no mercado ou então zerar essa posição (ou seja, comprar a ação).

Um outro operador que pediu anonimato disse que esse movimento levanta especulações sobre a possível entrada do bilionário egípcio Naguib Sawiris na ação. Há dois dias, Sawiris disse à Bloomberg que estava preparado para investir na companhia, que apresentou recuperação judicial de R$ 65,4 bilhões na segunda-feira. 

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Segundo ele, pensando que a ordem de venda enviada pelo Morgan tenha partido de um único investidor, esse universo ficaria restrito ao BTG Pactual, BNDES, Bridge Admnistradora de Rercursos e Ontario Teachers’ Pension Plan – que detêm, cada, mais de 8 milhões de ações ONs da Oi. Vale lembrar que o Morgan intermediou no leilão que puxou a disparada da ação quatro ordens de venda que somaram mais de 8 milhões de papéis da companhia, ao preço de R$ 2,55. 

Após a recuperação judicial, a empresa tem virado alvo de interesse de investidores que estariam dispostos a comprá-la, como é o caso do bilionário egípcio Naguib Sawiris. O movimento muito mais forte da ação ordinária em relação à preferencial (OIBR4) deixa evidente que pode ter surgido alguma novidade sobre o bloco de controle da empresa, disse Fernando Góes, da Clear Corretora. Enquanto a ação ON subiu 99,22% na máxima do dia, os papéis PNs da Oi subiram até 13,75% nesta sessão (a R$ 0,91). 

A disparada da Oi em 3 atos

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15h45: Ação subia 14,84%, a R$ 1,47

No book de ofertas: Itaú, Morgan Stanley e BTG Pactual eram os maiores saldos compradores; Guide, XP Investimentos e Ágora eram os maiores vendedores. 

A ação ficou em leilão das 15h45 às 16h52.  

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16h52: Ação saiu de leilão a R$ 2,55, alta de 99,22%

Maiores compradores: 93,1% das compras foram intermediadas pelo Itaú (um única ordem de 9,722 milhões de ações a R$ 2,55 = R$ 24,8 milhões); Na sequência, apareceu o JPMorgan, movimentando 4,7% das transações. 

Do lado das vendas: o Morgan Stanley intermediou quatro ordens, que representaram 85% do volume vendedor com o papel naquele momento, ou cerca de 8 milhões de ações. 

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Um minuto depois, papel volta a entrar em leilão na Bovespa.   

17h18: Ação sai de leilão a R$ 1,74, alta de 35,94%

Volume no último minuto de pregão: R$ 31,6 milhões; contra R$ 794 mil registrado no mesmo momento do pregão de quarta-feira. 

Os maiores compradores de OIBR3 foram: 34,3% Santander, 32,4% Morgan Stanley, e 8,6% BTG Pactual. Os maiores vendedores: 66,1% Santander. 

Giro financeiro total desta sessão: R$ 60,49 milhões x média diária de R$ 30,13 milhões dos últimos 21 pregões.

Confira o gráfico de 1 minuto da ação OIBR3 nesta sessão:

Thiago Salomão

Idealizador e apresentador do canal Stock Pickers