3 motivos para não comprar ação da Braskem – mesmo após ela cair 40% em 3 meses

Segundo o analista independente Flávio Conde, racionamento e contratos podem trazer dor de cabeça à Braskem, mesmo com uma administração competente

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – A empresa petroquímica Braskem (BRKM5) viu seus papéis se desvalorizarem quase 40% de dezembro pra cá, ainda não se tornou uma “barganha” na Bolsa, mesmo com sua política de de cortar custos e despesas, investir em novos produtos e aumentar sua capacidade de produção. A razão é simples: os riscos externos ofuscam as boas perspectivas sobre a gestão da empresa. Uma visão reforçada hoje pelo analista independente, Flávio Conde, após reunião dos executivos da companhia com analistas de mercado e investidores, realizada nesta terça-feira (24) em São Paulo.

Os problemas da companhia, segundo Conde, estão ligados a fatores maiores que a sua gestão e, atualmente, o preço das ações não justifica sua compra. O analista diz que não recomenda compra dos papéis da Braskem mesmo após essa longa queda devido ao múltiplo EV/Ebitda (EV = Valor de Mercado + Dívida; Ebitda = lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) está atualmente em cerca de 4,7 vezes, bem próximo da sua média histórica de 5 vezes. Ou seja, esse múltiplo precisava estar menor para a ação ser considerada “barata”.

Confira abaixo os 3 riscos que o analista aponta para ficar fora do papel por enquanto:

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1. Renovação de contrato com a Petrobras
O contrato de 5 anos de fornecimento de nafta para a Petrobras venceu no dia 28 de agosto de 2014, foi extendido por seis meses e expira novamente no fim desta semana (dia 28). O problema, segundo Conde, são os preços de internação de uma eventual importação que a estatal irá pedir para um novo contrato. “A Braskem e o setor petroquímico argumentam que esse custo não pertence ao setor e que deve-se pagar apenas a cotação da nafta ARA multiplicado pela cotação do dólar que já está alto também”, disse o analista. Esta questão do preço se torna ainda mais difícil de chegar a um termo com a mudança de direção da Petrobras, hoje nas mãos de Aldemir Bendine. 

2. Renovação do contrato de 30 anos com a Chesf
A Braskem se juntou a outras seis empresas para negociar com o governo federal por conta da aproximação da data de vencimento do acordo feito com a Chesf há mais de 30 anos com tarifas mais competitivas em relação às outras empresas do grupo conhecido como eletrointensivo. “As empresas, com a manutenção do contrato, querem, além do preço mais competitivo, garantir o suprimento de energia âs suas operações. Se não for renovado, argumentam, terão de migrar para o mercado livre”, explica Conde. Com a falta de energia disponível e os preços mais caros, a companhia corre o risco de ter de comprar energia mais cara para produzir seus petroquímicos no Nordeste. 

3. Racionamento provável
Parte do chamado “kit apagão”, o uso intensivo que a Braskem faz da energia elétrica para produzir a torna muito exposta à possibilidade de que o governo decrete racionamento devido ao baixo nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas – que respondem pela maior parte do fornecimento de energia do País. A companhia diz que tem se preparado para um apagão desde 2011, mas ainda assim um racionamento afetaria a produção dos clientes da empresa, como lembra Conde, isso em uma economia que já está em leve retração tem um alto potencial de afetar negativamente os lucros da companhia.