María Corina Machado, líder da oposição a Maduro na Venezuela, vence o Nobel da Paz

Comitê norueguês destacou a coragem da opositora em enfrentar o regime de Nicolás Maduro e unir a oposição venezuelana

Paulo Barros

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A líder opositora venezuelana Maria Corina Machado recebeu nesta sexta-feira (10) o Prêmio Nobel da Paz de 2025, concedido pelo Comitê Norueguês do Nobel. A homenagem reconhece seu trabalho “incansável pela promoção dos direitos democráticos do povo da Venezuela” e sua luta por uma transição “justa e pacífica do regime ditatorial para a democracia”.

Segundo o comitê, Machado “mantém viva a chama da democracia em meio à escuridão crescente” e representa “uma das mais extraordinárias expressões de coragem civil na América Latina em tempos recentes”. O presidente do comitê, Jørgen Watne Frydnes, afirmou que o trabalho democrático no país “é perigoso” e chamou Machado de “uma defensora corajosa e comprometida da paz”.

A premiação ocorre em um contexto de forte repressão política na Venezuela, marcada pela perseguição a opositores, crises humanitária e econômica e pela saída de quase 8 milhões de cidadãos do país. Machado, que lidera o movimento democrático venezuelano, está escondida desde a eleição de 2024, considerada fraudulenta por observadores internacionais e vencida pelo presidente Nicolás Maduro, segundo resultados oficiais contestados pela oposição.

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Machado foi impedida de concorrer naquele pleito, mas apoiou Edmundo González Urrutia, candidato de outro partido. A mobilização da oposição, segundo o comitê, envolveu centenas de milhares de voluntários treinados para fiscalizar o processo eleitoral e garantir transparência. Mesmo sob risco de prisão e violência, cidadãos documentaram as urnas e divulgaram resultados que indicavam vitória da oposição, rejeitados pelo governo.

O comitê destacou que Machado “reuniu uma oposição antes dividida” e que sua trajetória de mais de duas décadas, desde a fundação da organização Súmate, demonstra seu compromisso com eleições livres. A entidade descreveu sua escolha como um reconhecimento à “resistência pacífica” diante da repressão e ressaltou que “a democracia é uma condição para a paz duradoura”.

Em sua declaração oficial, o Comitê do Nobel afirmou que a venezuelana “atende a todos os critérios do testamento de Alfred Nobel” e simboliza a esperança de “um futuro em que os direitos fundamentais sejam protegidos e as vozes dos cidadãos sejam ouvidas”.

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)