Sindicato argentino faz greve e manifestação em maior desafio enfrentado por Milei

Ação é a maior demonstração de oposição aos planos de cortes de gastos e privatização desde que Milei assumiu o cargo no mês passado

Reuters

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O maior sindicato da Argentina realiza uma greve de 12 horas nesta quarta-feira (24) e uma grande manifestação no centro de Buenos Aires contra as duras medidas de austeridade econômica e as reformas do novo presidente libertário Javier Milei.

A ação, que atinge setores que vão desde os transportes até os bancos, é a maior demonstração de oposição aos planos de Milei de cortes de gastos e privatização desde que ele assumiu o cargo no mês passado, prometendo impulsionar uma economia que sofre com uma inflação de 211%.

A greve, coordenada pelo poderoso sindicato da Confederação Geral do Trabalho (CGT), ocorre em meio a um grande exame sobre as duas principais iniciativas de reforma de Milei: seu projeto de lei “omnibus” em tramitação no Congresso e um “megadecreto” que desregulamenta a economia.

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A CGT já havia recorrido aos tribunais para suspender temporariamente algumas medidas relacionadas ao trabalho no decreto de Milei.

A greve começa oficialmente ao meio-dia, mas já estava afetando transportes, bancos, hospitais e serviços públicos. As companhias aéreas locais foram forçadas a cancelar centenas de voos.

Milei, um economista e ex-comentarista de TV que conseguiu uma vitória eleitoral surpreendente no ano passado, está buscando equilibrar a estabilização da economia do país e a redução de um profundo déficit fiscal com uma dolorosa crise de custo de vida e pobreza de mais de 40%.

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“Milei quer um país onde a pobreza e o trabalho informal cheguem a 90%”, disse Hugo Yasky, sindicalista e deputado da oposição, à estação de rádio local Radio Con Vos.

“Agora não existe criação de empregos, o que existe agora é miséria generalizada, desespero das pessoas, não existem medidas para mitigar os danos que estão causando.”

O governo de Milei diz que as medidas de austeridade são necessárias após anos de gastos excessivos que deixaram a Argentina com enormes dívidas com credores locais e internacionais, incluindo um acordo de US$ 44 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

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“Não há greve que nos detenha, não há ameaça que nos intimide”, escreveu no X a ministra da Segurança de Milei e ex-rival nas eleições presidenciais, Patricia Bullrich.

“São sindicalistas mafiosos, gestores da pobreza, juízes cúmplices e políticos corruptos, todos defendendo seus privilégios, resistindo à mudança que a sociedade escolheu democraticamente.”