Putin ordena exercícios com armas nucleares táticas para dissuadir Ocidente

Para o presidente da Rússica, os Estados Unidos e seus aliados europeus estão levando o mundo à beira de um confronto entre potências nucleares ao apoiar a Ucrânia

Reuters

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, fala durante conferência de imprensa conjunta com o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, em 9 de setembro de 2021 no Kremlin, em Moscou (Foto por Mikhail Svetlov/Getty Images)

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(Reuters) – A Rússia anunciou nesta segunda-feira (06) que praticará o uso de armas nucleares táticas como parte de um exercício militar após o que Moscou disse serem ameaças de França, Reino Unido e Estados Unidos.

Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 2022, o país tem alertado repetidamente sobre o aumento dos riscos nucleares – avisos que os Estados Unidos dizem ter que levar a sério, embora as autoridades norte-americanas digam que não viram nenhuma mudança na postura nuclear da Rússia.

A Rússia afirma que os Estados Unidos e seus aliados europeus estão levando o mundo à beira de um confronto entre potências nucleares ao apoiar a Ucrânia com dezenas de bilhões de dólares em armas, algumas das quais estão sendo usadas contra o território russo.

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O Ministério da Defesa russo disse que realizará exercícios militares, incluindo a prática de preparação e implantação para o uso de armas nucleares não estratégicas, afirmando que os exercícios foram ordenados pelo presidente Vladimir Putin.

“Durante o exercício, um conjunto de medidas será realizado para praticar as questões de preparação e uso de armas nucleares não estratégicas”, disse o ministério.

As forças de mísseis do Distrito Militar do Sul, a aviação e a Marinha participarão, informou o Ministério da Defesa.

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O exercício tem como objetivo garantir a integridade territorial e a soberania da Rússia “em resposta às declarações provocativas e ameaças de certas autoridades ocidentais contra a Federação Russa”, segundo o ministério.

A Rússia e os Estados Unidos são, de longe, as maiores potências nucleares do mundo, detendo mais de 10.600 das 12.100 ogivas nucleares do mundo. A China tem o terceiro maior arsenal nuclear, seguida pela França e pelo Reino Unido.

A Rússia tem cerca de 1.558 ogivas nucleares não estratégicas, de acordo com a Federação de Cientistas Americanos, embora haja incerteza sobre os números exatos dessas armas devido à falta de transparência.

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Nenhuma potência usou armas nucleares em guerra desde que os Estados Unidos lançaram os primeiros ataques com bombas atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em 1945.

As principais potências nucleares verificam rotineiramente suas armas nucleares, mas muito raramente vinculam publicamente esses exercícios a ameaças específicas percebidas, como fez a Rússia.

Riscos nucleares

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse no ano passado que achava que não havia perspectiva real de a Rússia usar armas nucleares, mas a CNN informou que importantes autoridades dos EUA fizeram um planejamento de contingência para um possível ataque nuclear russo contra a Ucrânia em 2022.

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Algumas autoridades ocidentais e ucranianas disseram que a Rússia está blefando sobre armas nucleares para assustar o Ocidente, embora o Kremlin tenha indicado repetidamente que consideraria quebrar o tabu nuclear se a existência da Rússia fosse ameaçada.

O Ministério da Defesa, dirigido por Sergei Shoigu, aliado de longa data de Putin, não disse a quais autoridades ocidentais específicas estava se referindo em sua declaração.

O Kremlin disse que a declaração foi uma resposta aos comentários do presidente francês Emmanuel Macron, de autoridades britânicas e de um representante do Senado dos EUA.

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Macron levantou em público a ideia de enviar tropas europeias para combater a Rússia na Ucrânia, enquanto o ministro britânico das Relações Exteriores, David Cameron, disse que a Ucrânia tinha o direito de usar as armas fornecidas por Londres para atingir alvos dentro da Rússia.

Putin alertou o Ocidente em março que um conflito direto entre a Rússia e a aliança militar da Otan liderada pelos EUA significaria que o planeta estava a um passo da Terceira Guerra Mundial, mas disse que quase ninguém queria esse cenário.