Nos 42 anos da Guerra das Malvinas, Milei pede reconciliação com as Forças Armadas

Presidente disse em discurso que que não há respeito internacional se a liderança política fizer o possível para manchar o nome dos militares; ele também disse não abrir mão de continuar a reivindicar a soberania das ilhas

Roberto de Lira

Ilhas Malvinas, território disputado pro Argentina e Reino Unido

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O presidente da Argentina, Javier Milei, aproveitou na manhã desta terça-feira (2) as comemorações do Dia do Veterano, que marca a data de início da Guerra das Malvinas, para fazer um apelo à sociedade a uma “nova era” de reconciliação com as Forças Armadas do país.

Em discurso transmitido em rede nacional, desde o Memorial da Plaza San Martín, o líder ultraliberal defendeu que não há respeito internacional se a liderança política fizer todo o possível para manchar o nome das Forças Armadas.

“Nos anos de consolidação da soberania, foram valorizados pela sociedade. Usar uniforme era motivo de orgulho. A política quis apagar isso, perseguindo e humilhando as nossas forças”, disse Milei, em referência ao tom crítico adotado contra os militares desde o fim da ditadura. “Esse tempo acabou, eles são orgulho da nossa nação”, completou.

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Sobre a reivindicação argentina à soberania das ilhas, ele disse estar comprometido que conseguirá um roteiro claro de negociações como Reino Unido “para que as Malvinas retornem às mãos argentinas”.

Segundo o jornal La Nación, em diversos momentos de seu discurso, Milei insistiu que não há “reivindicação real e sincera” pelas Malvinas se o país e sua liderança não forem respeitados. “Ninguém levaria a sério as reivindicações de inadimplentes corruptos em série ou de líderes políticos que defendem mais um modelo de negócios do que uma visão do país.”

Aniversário de 42 anos

O 2 de abril também é considerado como o “Dia dos Caídos” na guerra, iniciada há 42 anos, em 1982, quando a junta militar que governava o país mandou invadir o território controlado pelo reino Unido.

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No conflito, que durou até 14 de junho, 649 soldados argentinos morreram e 1.063 ficaram feridos. Desse número, 323 mortos sucumbiram no naufrágio do cruzador General Belgrano, alvejado por um submarino britânico. A guerra também fez 255 vítimas do lado britânico, além de três habitantes das Malvinas.

As Ilhas Malvinas (como são conhecidas na Argentina) ou Falklands (como são chamadas no Reino Unido), estão localizadas a cerca de 600 quilômetros da costa Argentina e estão no centro de uma disputa de soberania que já dura quase dois séculos.

Milei disse em seu discurso que a melhor homenagem aos que deram a vida pelo país é defender a reivindicação inabalável pela soberania argentina sobre as Malvinas, Geórgia do Sul, Sandwich do Sul e os espaços marítimos circundantes. “Mas uma reivindicação real e sincera, não meras palavras em fóruns internacionais , sem impacto na realidade e que só servem ao político em exercício para impor um falso amor ao país”.