Milei diz que ajuste fiscal na Argentina tem ‘motoserra’ e ‘liquidificador’

Governo argentino colocou em análise cerca de 70 mil contratos na máquina estatal; presidente argentino rebate críticas de que ajuste deveria ser gradual e disse ter a "coragem que outros não têm"

Roberto de Lira

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O presidente Javier Milei aproveitou a cerimônia de encerramento Fórum Econômico Internacional das Américas, na noite de terça-feira, em Buenos Aires, para fazer um balanço de seu governo e reforçar a intenção de continuar com o intenso ajuste fiscal em andamento. Segundo ele, além da “motosserra”, um símbolo usado desde a campanha para se referir aos cortes nos gastos públicos, é preciso usar um “liquidificador”.

Milei fez várias referências em seu discurso à herança negativa que recebeu dos governos anteriores. “Os argentinos perderam 80% de sua renda nessa aventura populista que ocorreu nos últimos anos. É uma verdadeira catástrofe. A consequência disso é que mais de 50% são pobres e 10% são indigentes. Cinco milhões de argentinos não têm o que comer. Também tivemos um déficit duplo de 17 pontos do PIB”, listou.

O líder do La Libertad Avanza reforçou que seu governo está convencido em realizar o forte ajuste fiscal, que tem “muita motosserra e liquidificador”. “Se quiséssemos fazer rápido, tínhamos que fazer as duas coisas. Há muito dos dois hoje em dia. Entre elas, eliminamos obras públicas, das quais me orgulho”.

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Demissões

Entre aplausos, ele disse que seu governo eliminou as transferências discricionárias para as províncias e que demitiu 50 mil funcionários públicos. Milei chegou a dizer do discurso que os cortes na máquina estatal vão atingir 70 mil contratos, mas sua equipe depois esclareceu que esse número se refere aos contratos sob revisão. O jornal La Nación informou que os cortes devem atingir, ao final do processo, entre 15% e 20% desse total.

Milei também afirmou que 200 mil planos sociais entregues de forma “irregular” foram eliminados e, apesar disso, “em nenhum momento a política social foi negligenciada”, ao listar as prorrogações de verbas para planos sociais e alimentação e auxílio escolar.

Ele atacou os críticos que alegam a necessidade de gradualismo no choque em andamento. “Muito se fala que isso não é sustentável. Fizemos o que tínhamos que fazer e isso requer doses de coragem que os outros não têm. Para a desgraça do clube de helicópteros e de todos aqueles que querem que as coisas corram mal para nós. Especialmente aqueles que se queixam de que cortamos os seus empregos”, defendeu.

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O líder libertário evitou novamente oferecer uma data para o fim dos controles cambiais no país, o famoso “cepo”. “Hoje a taxa de câmbio livre não mostra diferença. É até negativa se determinados parâmetros forem levados em conta. Estamos trabalhando para sair e, quando terminarmos de limpar o BCRA [o banco central argentino], nos livrarmos de todo o passivo remunerado, o que implicará uma trava na emissão de dinheiro”.