Como Trump recuperou a Casa Branca? Insatisfação com a economia prevaleceu

Segundo a NBC, quase metade (45%) de todos os eleitores disseram que estavam em pior situação financeira do que há quatro anos; "eles valorizaram a "capacidade de liderar" o país nesse tipo de mudança

Equipe InfoMoney

Donald Trump discursa em Doral, na Flórida - 16/10/2024 (Foto: Marco Bello/Reuters)
Donald Trump discursa em Doral, na Flórida - 16/10/2024 (Foto: Marco Bello/Reuters)

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Qual foi o caminho percorrido por Donald Trump para recuperar a Casa Branca nesta terça-feira (5) após a dolorosa derrota sofrida há quatro anos para Joe Biden? A mídia americana tem tentado responder essa questão, mas é inegável que ele conseguiu capturar melhor o sentimento geral do eleitorado.

Essa avaliação é importante porque Trump colocou seu nome novamente na disputa após acumular dois pedidos de impeachment, 91 acusações criminais e 34 condenações criminais. Ele tinha sido acusado de fomentar um motim no Capitólio dos EUA e negar os resultados de uma eleição considerada legítima, destaca o The Washington Post.  

A verdade é que os americanos, em sua maioria, não estavam gostando do rumo que a economia do país vinham tomando e viam em Trump a possibilidade de mudança, algo difícil numa possível eleição de Kamala Harris, atual vice-presidente.

Latinos e negros

Mas outras questões também chamaram a atenção. A retórica agressiva contra a imigração nos EUA nos últimos anos e da linha dura empreendida em sua última gestão encontraram eco num sentimento de impotência com a “invasão” da fronteiras.

E mesmo os latinos não apoiaram de maneira esmagadora os democratas, como na eleição anterior. Embora mais da metade dos eleitores hispânicos tenha apoiado Harris, de acordo com uma pesquisa com 115.000 eleitores, compilada pela agência de notícias Associated Press, isso ficou abaixo dos estimados 60% que votaram no presidente Biden em 2020.

Na Flórida, que tem a terceira maior comunidade latina dos EUA (5,7 milhões), Trump obteve 56% dos votos contra 43% de Harris. Ele também venceu o estado em 2020, massa vantagem sobre Biden foi menor (51% a 48%), o que indica uma tendência de queda no apoio democrata a longo prazo.

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Outra parcela importante do eleitorado também ajudou o candidato republicano. Segundo as pesquisas de boca de urna, Trump ganhou algo como 20% dos votos negros neste anos, ante apenas 13% dos votos da comunidade em 2020 e meros 8% em 2016, quando venceu o pleito nacional. Esse foi o nível mais alto de apoio dos eleitores negros para qualquer republicano desde George W. Bush, em 2000

Economia

As pesquisas de boca de urna divulgadas ainda durante a apuração dos votos mostraram que o bolso também contou. Segundo a NBC, quase metade (45%) de todos os eleitores disseram que estavam em pior situação financeira do que há quatro anos.

Esse foi um nível de insatisfação mais alto do que o registrado nas pesquisas de boca de urna em qualquer eleição recente desde 2008, quando a crise financeira impulsionou Barack Obama à vitória.

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A economia continua crescendo, a taxa de desemprego está baixa e o mercado de ações se mantém em expansão, mas as pesquisas mostraram que 2 em cada 3 eleitores ainda avaliavam mal a economia dos EUA, um nível superior ao de 2020, quando o país lutava para se recuperar dos danos da pandemia de Covid-19.

A mesma pesquisa apontou que incluindo 29% dos americanos disseram estar muito zangados com a atual administração, e que apenas 40% aprovavam a gestão Biden, enquanto 58% desaprovavam.

Quando os eleitores foram questionados sobre qual qualidade era mais importante para eles em um candidato, a maioria disse que queria alguém com “a capacidade de liderar” ou que pudesse “trazer a mudança necessária”.

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Segundo dados da Fox News Voter Analysis, uma pesquisa com mais de 110.000 eleitores em todo o país, 70% dos eleitores foram às urnas acreditando que o país estava no caminho errado, ante 60% em 2020. E a maioria queria uma mudança na forma como o país estava sendo administrado, com um quarto (26%) buscando uma reviravolta completa e total.

Aborto e mulheres

Mesmo com a questão do aborto estando na pauta da sociedade há cerca de dois anos e apesar das acusações de agressão e assédio sexual que o candidato republicano enfrentava, a diferença de gênero na votação permaneceu estável.

As mulheres votaram em Harris, 54% a 44%, enquanto os homens favoreceram Trump, 54% a 44%. Em 2020, Trump teve um desempenho pior entre as mulheres, também perdendo nessa faixa para Biden, mas por uma diferença menor por 57% a 42%. Sua margem de 2020 entre os homens, de 53% a 45%, foi muito similar.