Comercial com Julia Roberts incentivando voto feminino em Harris é criticado

Na peça, atriz diz que as mulheres têm o direito de votar como quiserem, sem atender aos maridos; grupos conservadores alegam que essa crítica é datada, mas que votar diferente do marido equivale a ter um caso

Roberto de Lira

Julia Roberts, durante votação antecipada, na Geórgia, EUA (Foto: Reprodução do Instagram/@
juliaroberts)
Julia Roberts, durante votação antecipada, na Geórgia, EUA (Foto: Reprodução do Instagram/@ juliaroberts)

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Grupos conservadores americanos estão criticando com veemência uma nova peça de campanha a favor de Kamala Harris narrada pela atriz Julia Roberts, que incentiva mulheres a votar na democrata, contrariando uma suposta opressão de seus maridos em favor de Donald Trump.

O anúncio diz às mulheres que elas podem votar de maneira diferente de seus maridos e foi divulgada pelo grupo evangélico progressista “Vote Common Good” na segunda-feira.

“No único lugar da América onde as mulheres ainda têm o direito de escolher, você pode votar da maneira que quiser, e ninguém jamais saberá”, diz Julia Roberts.

No vídeo, aparecem duas mulheres durante a votação se olhando de maneira cúmplice e depositando seus votos na chapa Harris-Walz. Quando uma delas reencontra o marido, ouve a pergunta se ela fez a escolha certa. “Claro que fiz, querido”, responde a esposa.

“Lembre-se, o que acontece na cabine, fica na cabine”, diz Roberts no final. “Vote em Harris-Walz”, conclui.

Essa citação da “escolha” alude ao tema da liberação do aborto, uma dos mais citados por Harris na campanha.

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Alguns republicanos responderam ao vídeo com indignação, com alegações que uma esposa mentindo sobre seu voto é tão ruim quanto ter um caso. “Se eu descobrisse que Emma [sua esposa] estava indo para a cabine de votação e puxando a alavanca para Harris, isso é a mesma coisa que ter um caso”, disse o apresentador da Fox News, Jesse Watters, na quarta-feira.

Já o ativista conservadora Charlie Kirk comentou que tal pensamento era “nauseante”.

Mas o diretor executivo da Vote Common Good, Doug Pagitt, respondeu às críticas de que o comercial seria datado, uma vez que tal influência não existe mais. “As pessoas sabem quanta pressão existe sobre os eleitores, e não apenas sobre as mulheres”, disse. “Há tanta pressão, especialmente na comunidade religiosa, para que alguém não se afaste.”

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Pagitt disse que ouviu de eleitoras em Michigan que se sentem pressionadas a votar de acordo com as escolhas de seus maridos. “Eu gostaria que não fosse o caso, mas, francamente, existe”, disse. “Então, quando você ouve essas pessoas dizerem que (o anúncio) está datado ou não acontece mais, eu gostaria que elas conversassem com as eleitoras que sentem a pressão.”